Os evangelistas testemunham que Jesus ensinava como quem tem autoridade e não como os mestres da lei. As pessoas ficavam admiradas com seus ensinamentos. Também em outras ocasiões reconheciam a autoridade de Jesus. Em que consistia esta autoridade? O que causava admiração? Comparavam Jesus com seus mestres e constataram nele algo muito diferente.
A sociedade e as instituições para funcionarem constituem autoridades e as revestem de poder. O modo como a autoridade é exercida tem profundas repercussões. O exemplo de um jogo de futebol ajuda a compreender a afirmação acima. Há jogos que acontecem num clima de alta tensão, como finais de campeonato, e não acontecem incidentes maiores pela atuação do juiz. Em outros, sem a mesma importância, o juiz, com sua a autoridade, cria situações conflitivas. Se a autoridade é imprescindível para o funcionamento social, do mesmo modo a maneira como é exercida também o é. Não basta ter legitimidade legal, precisa estar acompanhada de legitimidade moral.
O que dava autoridade a Jesus Cristo e aos seus ensinamentos? Creio que em primeiro lugar esteja o conteúdo que as palavras transmitiam. Ensinamentos que proporcionavam uma revisão no modo de ver a vida, o destaque dado aos elementos essências do relacionamento com Deus e as pessoas e a proposta de um novo modo de viver.
A coerência de vida entre o que ensinava e a sua maneira de viver. Ensinava a fraternidade e, consequentemente, se relacionava respeitosamente com todas as pessoas, de todas as classes. Mantinha o nível de convivência com quem concordava com Ele e quem era contrário. Ensinou a perdoar e quando foi crucificado e maltratado pede que Deus Pai perdoe os malfeitores.
Outra marca dos ensinamentos de Jesus é que falava o que as pessoas precisavam ouvir e não simplesmente aquilo que desejavam ouvir. Frequentemente, para justificar os próprios pecados e erros, desejamos que as pessoas concordem conosco. Porém confirmar o erro e se acomodar nele, fecha a possibilidade de mudanças necessárias.
Os ensinamentos de Jesus Cristo têm a marca da universalidade e de serviço aos ouvintes. Os ensinamentos essenciais têm validade para todos os seres humanos. Envolve todos os ouvintes pois todos tem a necessidade e a possibilidade de serem melhores e fazerem mais. Não cria o grupo dos puros e impuros, nem dos privilegiados.
O modo de ensinar de Cristo era transparente, não tinha “segundas intenções”. São Pedro exclama que as palavras de Cristo são vida e vida eterna. Todos usam abundantemente palavras. São falas que transmitem os mais diversos assuntos e com os mais diversos objetivos. Muitas são agradáveis, cheias de verdade, construtivas e outras são superficiais, vazias, ofensivas. Torna-se um verdadeiro desafio distinguir as palavras falsas das verdadeiras. Notícias falsas são criadas e divulgadas gerando situações constrangedoras.Falar de forma transparente para não perder a credibilidade é desafio permanente da comunicação interpessoal e do exercício do poder.
Jesus permanece como exemplo e modelo de uma palavra boa e potente. Os seus ensinamentos se impõe por si, porque são capazes de iluminar a inteligência, aquecer o coração, dar vigor à vida.
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo