Na Missa do Crisma, Dom Giovani faz apelo à autenticidade sacerdotal: “O Espírito do Senhor está sobre mim”

Na manhã desta Quinta-feira Santa, a tradicional Missa do Crisma reuniu fiéis, religiosos e o clero diocesano de Uruaçu/Go em uma celebração marcada por profundo simbolismo e forte apelo à renovação espiritual dos sacerdotes. Durante a homilia, o bispo destacou que a essência da vida sacerdotal não está nos títulos ou funções, mas na unção que transforma e dá sentido à missão: “O Espírito do Senhor está sobre mim”, afirmou, em referência à leitura do profeta Isaías.

A cerimônia, que marca a consagração dos santos óleos — dos catecúmenos, dos enfermos e do Santo Crisma — e a renovação das promessas sacerdotais, foi descrita pelo celebrante como o “coração da Quinta-feira Santa”. Em sua fala, ele ressaltou que a unção não é um momento pontual, mas um estado permanente de vida, que precisa ser revivido diariamente. “Não pode ser apenas memória do dia da ordenação. Deve ser a respiração espiritual de cada dia”, afirmou.

Inspirado na passagem de Isaías e nas palavras de Jesus no Evangelho — “Hoje se cumpriu esta Escritura” — o bispo destacou a atualidade do chamado de Cristo e alertou sobre os riscos da acomodação e da substituição da ação do Espírito por estruturas humanas. Citando São Paulo aos Gálatas, fez um alerta contra a tentação de buscar mais a visibilidade do que a fidelidade. “Começamos no Espírito, mas podemos terminar na carne, confiando mais em métodos do que na oração”, advertiu.

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A homilia também trouxe uma crítica contundente ao desvirtuamento da missão sacerdotal, exemplificado na figura de Judas, “o filho da perdição”, fascinado pelo dinheiro e pelo poder. “Tirar é uma palavra educada para não dizer roubar”, disse, numa referência direta às pequenas corrupções que podem desviar o coração do essencial.

Ao falar sobre os óleos consagrados na celebração, o bispo lembrou que cada gota derramada é sinal da presença do Espírito Santo. “Esses óleos ungirão corpos frágeis, corações feridos. A unção é sempre sinal de transformação”, disse.

Inspirando-se em palavras de Bento XVI, o bispo concluiu a homilia com uma imagem poética e cheia de esperança: “Os céus estão sempre abertos sobre Jesus e sobre aqueles que nele foram ungidos. Que cada sacerdote, com gratidão e temor, possa repetir com a vida: o Espírito do Senhor está sobre mim”.

A celebração foi marcada por emoção, reverência e o firme convite à retomada do fervor sacerdotal. “Que a unção recebida se torne vida derramada, presença fiel, coração disponível. Que também esta palavra se cumpra em nós”, finalizou.

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