Quando uma determinada força se opõe a outra e nunca desiste, damos o nome de resistência. Em 11 de setembro de 2001, dois prédios do chamado centro do comércio mundial são destruídos. Parecia fim do mundo, mas não foi visto como necessidade de mudança nos rumos da humanidade, que resiste em continuar endeusando o mercado mundial e o consumo indiscriminado.
“Não se paga o mal com o mal”. A reação tem sido de provocar mais violência, agressão armada e econômica. Estamos num “barril de pólvora”, dominado pelo comércio internacional, privilegiando sempre mais a classe dos confortados, causando a destruição da “casa comum”. O sintoma é de fim do mundo, como se deu com o Templo de Jerusalém, que “não ficou pedra sobre pedra”.
O profeta Malaquias diz que “o sol da justiça há de chegar para aqueles que seguem a lei do Senhor” (Ml 3,19-20). A foça da justiça e a da injustiça é a expressão da resistência da cultura neoliberal, onde os mais fortes, no mundo do capital, conseguem impor sua força sem medir o desastre social que sempre causam. Falta sensibilidade para perceber o Dia do juízo que o Senhor fará.
Como foi dito acima, a destruição de Jerusalém e do templo, no ano 70, foi considerado como um fim de mundo. Talvez seja o fim da cultura antiga judaica e começo de uma nova fase da história, agora com as características da era cristã. O mundo mudou e os problemas aumentaram e se agravaram, deixando para a cultura de hoje a sensação, muito forte, de um fim eminente de tudo.
É hora de usar da força de resistência, que é próprio da natureza, de sair da passividade conivente e de descobrir que temos capacidade para enfrentar corajosamente os indicativos destruidores da vida no planeta. É preocupante ver atitudes de desconstrução presentes em inúmeras faces do planeta terra, principalmente a sensação de que um mundo diferente não seja possível.
Ouvimos com certa frequência que o fim do mundo está próximo. Ninguém sabe que proximidade seja essa. Apenas sabemos que toda crise revela abertura de novas portas, de novos horizontes, de práticas antigas que acabam gerando situações novas. É o processo da resistência, de superar a preguiça e trabalhar com coragem e confiante na ação criadora de Deus.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba