A vinda do Senhor

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Conforme a Palavra de Deus, a vinda de Jesus deve ser compreendida em duas dimensões, mas que fundamenta nossos conceitos de fé. A primeira, já prevista pelo Antigo Testamento, principalmente nas palavras do profeta Isaías, “de uma virgem nascerá o Emanuel” (cf. Is 7,14), acontece no dia do Natal. É a realização da encarnação do Verbo, Deus que se torna homem.

A segunda vinda do Senhor é anunciada como tempo de julgamento, quando os maus serão separados dos bons e serão destinados para a eternidade. Aí acontecerá a justiça divina, o “acerto de contas” com as pessoas, tendo como fonte os atos praticados na vida terrena. Para quem foi capaz de valorizar o processo do perdão e da reconciliação, certamente terá a misericórdia de Deus.

Em tempo de Advento, a meta é despertar nas pessoas atitudes de vigilância. A vida de fé é comprometedora, que exige ações concretas praticadas em benefício da coletividade. Nisso está o julgamento de Deus, como uma balança que mede o peso do que é feito, seja de bem ou de mal. Por isso, a vigilância é o equilíbrio de hoje no caminho para a hora da colheita, do julgamento final.

Advento é tempo forte de espera e de compromisso com a construção do Reino. Ele propõe superação das dificuldades e transformação dos corações endurecidos para acolher, na suavidade, Aquele que dá sentido para a vida. O nascimento de Jesus é a manifestação da bondade de Deus para com seu povo, oportunizando espaço de libertação e vida para quem Nele professa sua fé.

A vinda do Senhor teve como finalidade revelar a graça de Deus e de construir a paz entre as pessoas. Graça e paz são termos ricos de conteúdo, porque tocam de perto nos objetivos do Reino. Deus nos dá tudo de graça, mas quer que construamos a paz, para que reine o amor e a fraternidade. Não há paz verdadeira onde a graça de Deus não é percebida e nem valorizada.

Ser seguidor de Jesus Cristo é comprometer-se com Ele, com a vigilância e com o seu projeto de vida, confirmado pela dignidade e pela graça. É um enfrentamento com responsabilidade, sem pompa e sem glórias em relação ao mundo, mas desimpedido para receber a recompensa prometida pelo Senhor. É um processo de conversão, próprio para quem se prepara para o Natal.

Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba (MG)