No mês de setembro, as comunidades eclesiais se debruçam para estudar, aprofundar e converter-se a um livro da Palavra de Deus. Este ano foi escolhida a Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses com o tema: Para que Nele nossos povos tenham vida; e como lema: Anunciar o Evangelho e doar a própria vida”. Este texto configura uma mensagem cheia de esperança e vibração evangélica, sendo também um dos escritos mais antigos do Novo Testamento.
Sai ao encontro das perplexidades e dificuldades de compreender a segunda vinda de Cristo. Esta preocupação com a parusia, a volta do Senhor, está presente em todas as gerações cristãs, especialmente nos momentos de crise. Hoje, como ontem, parece que confundimos as crises e estertores da história com o fim do mundo, e a chegada definitiva do Filho do Homem. Estamos, certamente, no olho do furacão de uma crise civilizacional e global que leva a perda do fator humano e da consciência dos valores e princípios fundamentais. Mas, também é importante esclarecer, que trata-se do fim de uma ordem e paradigma civilizatório, que não tem mais condições de permanecer, mas não significa o encerramento da história e o que conhecemos como o fim do mundo.
O foco para o cristão será sempre permanecer firme, trabalhar e testemunhar para que o
Evangelho seja conhecido e semente das trasformacões verdadeiras para a humanidade, trazendo vida e salvação para todos os povos e culturas. Não é tempo para fugir ou ficarmos numa espécie de bunker, mas como cabe a nossa missão ser sal, luz, e fermento emancipador em todos os ambientes, fazendo a diferença com o amor misericordioso, a ternura e a nova justiça do Reino.
Para o cristão as coisas últimas já começaram, e o juízo da Palavra questiona e ilumina todos os acontecimentos, dando peso de eternidade ao que fazemos a partir de Cristo, partilhando com todas as pessoas e criaturas as razões da nossa esperança. A esperança cristã não decepciona, arrasta montanhas e mobiliza os corações em torno ao sonho de uma humanidade reconciliada, solidária e liberta, protagonista da civilização do amor, da responsabilidade comum e da partilha. Deus seja louvado!
Por Dom Roberto Francisco Ferreria Paz – Bispo de Campos (RJ)