Não é novidade que em um determinado tempo de nossas vidas, surja a pergunta sobre onde e como doaremos nossas vidas por amor ao Reino de Deus. E é aqui que entra a grande alegria, Deus, o nosso Pai amoroso, não nos abandona neste discernimento, mas traçou um caminho para cada um de nós, um plano de vida. Sabemos também que se a vocação é um mistério, como há de revelar-nos, como compreenderemos este chamado? Através das inspirações que iluminam o nosso interior ou mesmo os conselhos que recebemos de alguém que Ele colocar em nosso caminho, arredando os obstáculos, preparando os auxílios.
Por ocasião deste Mês Vocacional, é uma boa oportunidade para escrevermos sobre o mistério da eleição divina que toca a todos, ou seja, os estados de vida em que uma pessoa poderá corresponder aos desígnios de Deus, como um autêntico operário de sua vinha, uma vez que ele “[…] nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não em virtude de nossas obras, mas em virtude de sua própria vontade e graça […]” (2 Tm 1, 9). Dito isso, falaremos brevemente sobre os estados de vida que abraçamos ou que um dia abraçaremos, seja o matrimônio, seja a vida religiosa ou consagrada, ou mesmo a vocação sacerdotal.
Aos que Deus destina à vocação matrimonial, este estado santo de vida em que os esposos são convidados por Deus a se doarem mutuamente. Estes irão caminhar juntos dirigindo-se ao mesmo ponto, a santidade conjugal, uma vez que falamos aqui de uma instituição sagrada elevada a dignidade de sacramento. Além disso há também o grande tesouro da vida matrimonial, gerar novos filhos para Deus. vale dizer também, que este sacramento é um mistério sagrado; por vezes a Sagradas Escrituras o compara com a própria união e entrega de Cristo à sua Igreja, como afirma o apóstolo Paulo “[…] Este mistério é grande […] (Ef. 5, 32)”. Por isso reiteramos, a santificação mútua é um dos fins do matrimônio.
Agora no que tange a vida religiosa ou consagrada, é um estado, que caracteriza pela separação do mundo, no sentido de renúncia às honras, aos bens da terra, sendo exclusivamente de Deus através da castidade consagrada, que vivida de modo perfeito, ilumina esta vereda com um esplendor celestial, dado que estas almas esquecendo de si próprias se doam inteiramente a Deus, seja mediante o esplendor recluso escondido da vida contemplativa, seja por aquelas, que prestam também serviços à comunidade, seja como educadores, seja auxiliando nas Dioceses, seja cuidando dos doentes, estes de fato, como diz o apóstolo Paulo irão “[…] brilhar como luzeiros no mundo […]”, e mais acrescenta, “[…] terão a glória de não ter corrido em vão, nem trabalhado inutilmente. (Fl 2, 12)”.
Por fim, a vocação sacerdotal, um dom particular de ordem exclusivamente sobrenatural, em que o Padre poderá renovar todos os mistérios e virtudes da vida do Salvador. Um dom recebido gratuitamente pela bondade do Cristo, em que o ministro ordenado participa portanto, do sacerdócio real do Redentor e cumprindo na terra a idêntica missão do mesmo, aliviar as misérias humanas pelo perdão dos pecados e salvando as almas por intermédio dos sacramentos, sobretudo pelo Santo Sacrifício da Missa. É bem verdade que aqueles que são chamados a tão grande missão sintam-se incapazes, no entanto, é preciso considerar com grande espírito de fé pedindo a graça de abraçar e permanecer em uma fidelidade constante, que desembocará num ardente desejo, num amor generoso, na certeza de que trata-se de algo sublime e sobrenatural e de eleição divina, como disse o Divino Mestre: “Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi […] (Jo 15, 16)”. Por isso quem recebeu tal chamado, que não sepulte em seu coração tão sublime chamado, ao contrário, anseie os desígnios divinos clamando ao Divino Paráclito que ilumine sua inteligência e direcione seu coração aos suaves atrativos de sua graça, a fim de que possa responder com generosidade e alegria.
Gabriel Novais Silva
1º Ano da Configuração (Teologia)
Agosto de 2022