Com o nascimento de Jesus, Deus, até então invisível, torna-se visível em sua pessoa. Jesus já existia desde a eternidade, antes mesmo de o mundo ser criado. Sua vinda realiza a fala, a palavra e o projeto de Deus, mas de forma simples, frágil e pobre, diferente dos ricos e poderosos de seu tempo. É reconhecido como Salvador dos pobres pastores que O encontraram numa manjedoura.
No passado a Palavra era anunciada pelos profetas, como antecipação da expressão viva da Palavra de Deus, que é Jesus Cristo. Jesus é a fala do Pai, e Deus fala Nele. Ele é o Filho, que fez dos cristãos, filhos, nascidos de Deus, livres de qualquer escravidão e habilitados para a cultura da esperança. Significa que o encontro com Ele revigora as forças fragilizadas pelo mundo secularizado.
O conteúdo da Palavra de Jesus, anunciada a partir de seu natal, tem como objetivo dizer que agora Deus reina. É a Boa-nova, traduzida hoje pela palavra “evangelizar”. Por aí passa o caminho da Igreja, e sua pastoral, tendo como preocupação a vida e a dignidade das pessoas. É uma tarefa cheia de desafios. A falta de formação e o indiferentismo das pessoas debilitam a força da Palavra.
Existe um projeto de amor que sustenta a humanidade e o universo. O Natal do Senhor aproxima a terra do céu, fazendo de ambos os espaços de realização do ser humano. A morte e a ressurreição dão a Jesus a expressão de vida da Aliança prometida pelo Pai na escolha do Povo de Deus. Jesus ressuscitado é o novo Abraão, escolhido para ser o pai na fé do povo eleito.
Toda história de vida de Jesus de Nazaré, do nascimento à ressurreição, foi um fato concreto para dar às pessoas a possibilidade de se tornarem cristãos e filhos de Deus. Jesus veio ser a luz e a vida para a humanidade, mas isso é pouco valorizado pelas culturas e pela vida concreta de hoje. Seguir Jesus exige renúncias e um coração despojado, que choca com a prática do mundo das aparências.
Nos ruídos de hoje somos convocados para ouvir a fala do Senhor, porque ela vem como alerta diante de falas barulhentas e enganadoras pelo mundo. A fala de Jesus revela a vontade de Deus que vem construir uma cultura de paz e esperança. Ninguém é excluído de sua voz e nem abandonado nas próprias fraquezas. Todas as pessoas têm possibilidade de viver a total liberdade de filhos.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba, MG