Desde os inícios da constituição do Povo de Deus, Abraão foi visto como o pai da fé e da esperança em Javé. Em Jesus Cristo essa fé em Deus tem uma dimensão de novidade, porque é plenificada com o fato concreto da Ressurreição. Fé que se transforma em dom divino, e nela a esperança se renova sempre, imprimindo novo dinamismo na trajetória que fazemos na vida terrena.
A novidade da Páscoa é a Ressurreição de Jesus Cristo, fato histórico comprovado por testemunhas oculares, como os apóstolos e pessoas presentes naquele tempo. É constatação do cumprimento da aliança, como está relatado nas palavras bíblicas: “Estabeleço minha aliança entre mim e ti e teus descendentes para sempre, uma aliança eterna, para que eu seja Deus para ti e para os teus” (Gn 17,7).
A Páscoa, quando bem observada, faz com que as pessoas vivam de modo novo, sem interesses egoístas, e mais preocupadas com “as coisas do alto” (Col 3,1). Deve ser para nós uma festa de equilíbrio, de superação das violências e práticas que desarmonizam a identidade cristã das pessoas. É festa de novidade, de quem luta por justiça e pela construção da dignidade humana na sociedade.
Passada a Semana Santa, os cristãos são convocados para viver uma fé pascal e coerente com os ensinamentos de Jesus Cristo ressuscitado. A raiz dessa fé está assentada em quatro pilares: na morte, na ressurreição, na exaltação à direita de Deus e na volta do Senhor. É justamente essa convicção que caracteriza o novo modo de viver do cristão, e que deve marcar sua trajetória de vida.
A Ressurreição de Jesus Cristo foi como a luz do sol. Os que estavam nas trevas, na escuridão da morte, agora viram uma grande e brilhante luz presente em seus corações. Abriram suas mentes e conseguiram enxergar a beleza do encontro pessoal com Deus. Superaram a dureza de coração, de mente e de estruturas pétricas. O amor gratuito e contagiante de Deus modifica a vida humana.
Através da leitura assídua da Palavra de Deus conseguimos compreender, como também compartilhar, as riquezas que envolvem uma verdadeira experiência de fé cristã e de crescimento de vida fraterna. É nessa convivência que as barreiras vão caindo por terra. Assim podemos dizer que a vida pascal nunca é a mesma, é sempre cheia de novidades e rica por causa do mergulho em Jesus Cristo.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba (MG)