Neste tempo quaresmal é propício aproveitar a para esmiuçar o que significa “superar a violência”, diante da proposta da temática da Campanha da Fraternidade 2018: “Fraternidade e superação da violência”. O Espírito Santo confirma a escolha da Igreja. Neste momento tão conturbado em que Brasília determinou intervenção militar no Rio de Janeiro, surge a Igreja com a temática acima. Até pode parecer que a CNBB escolheu este tema agora em 2018. Mas não. Já faz um bom tempo que a Igreja decidiu por esta abordagem. Neste sentido, podem os perceber nitidamente a confirmação do Espírito Santo na condução do Povo de Deus. É Deus falando ao seu povo, por meio da Sua Igreja.
Falar de combate à violência é também falar sobre a não violência. Queremos e precisamos implantar a verdadeira e viável intervenção: a da não violência. Esta será a única capaz de mudar toda a cultura brasileira. A cultura da não violência não quer dizer a ausência de crítica, ou seja, não significa um povo alienado, sem crítica, sem voz, sem questionamento e sem atitude.
A não violência muitas vezes pede um certo tipo de “agressividade” para resolver os problemas postos. Mas é uma agressividade que se propõe a construir um mundo melhor. Não é uma agressividade de armas, armada, mas de postura diante às calamidades que estão ao nosso redor. Quando assumimos essa postura, somos chamados a propor um novo modo de vida, de paz, de amor, é que não se aliena.
“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito”, diz Paulo. O caminho que estamos propondo para transformar essa cultura da morte em cultura da vida, é usar todas as nossas forças para mudar primeiramente a nossa casa.
Recordo aqui os 10 mandamentos para a paz na família, elaborado pela Pastoral da Criança.
1: Tenha fé e viva a Palavra de Deus, amando a sua família como a si mesmo.
2: Ame-se, confie em si mesmo, em sua família e ajude a criar um ambiente de amor e paz ao seu redor.
3: Reserve momentos para brincar e se divertir com sua família, pois a criança aprende brincando e a diversão aproxima as pessoas.
4: Eduque seu filho na conversa, no carinho e no apoio. Tome cuidado: quem bate para ensinar está ensinando a bater.
5: Participe com sua família da vida da comunidade, evitando as más companhias e diversões que incentivam a violência.
6: Procure resolver os problemas com calma e aprenda com as situações difíceis, buscando em tudo o seu lado positivo.
7: Partilhe seus sentimentos com sinceridade, dizendo o que você pensa e ouvindo o que os outros têm para dizer.
8: Respeite as pessoas que pensam diferente de você, pois as diferenças são uma verdadeira riqueza para cada um e para o grupo.
9: Dê bons exemplos, pois a melhor palavra é o nosso jeito de ser.
10: Peça desculpas quando ofender alguém e perdoe de coração quando se sentir ofendido, pois o perdão é o maior gesto de amor que podemos demonstrar.
Que Deus abençoe você e sua família.
Por Dom Anuar Battisti – Arcebispo de Maringá (PR)