O bem comum, a paz, o desenvolvimento e a integração entre os povos exigem o envolvimento e compromisso de cada pessoa, indicou o Papa Francisco em um discurso pronunciado ante os participantes do encontro organizado pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, por ocasião dos 50 anos da encíclica “Populorum Progressio” do Beato Paulo VI.
O Pontífice sublinhou que Paulo VI “explicou em detalhes nesta encíclica o significado de ‘desenvolvimento integral’, e ele propôs aquela boa e sintética forma: ‘desenvolvimento de cada homem e de todo homem’”.
Francisco se perguntou: “O que significa, hoje e no futuro, o termo ‘desenvolvimento integral’, ou seja, o desenvolvimento de cada homem e de todo homem?”.
Da resposta a esta pergunta, assinalou, pode-se deduzir algumas diretrizes para a ação do dicastério. Especificamente, destacou quatro diretrizes.
Desenvolvimento humano integral consiste em “integrar os diversos povos da terra. O dever de solidariedade nos obriga a buscar modalidades justas de cooperação, para que não exista a dramática desigualdade entre quem muito tem e nada tem, entre quem descarta e que é descartado”.
“Somente o caminho da integração entre os povos permite à humanidade um futuro de paz e de esperança.”
Em segundo lugar, “trata-se de oferecer modelos praticáveis de integração social. Todos nós temos uma contribuição para oferecer à sociedade. Todos nós temos uma peculiaridade que pode ajudar a facilitar a unidade. Ninguém está excluído de contribuir com algo para o bem comum. Isto é, ao mesmo tempo, um direito e um dever”.
Por outro lado, a terceira diretriz assinalada por Francisco é “integrar no desenvolvimento de todos os elementos que o tornam realidade”.
Os diferentes elementos que articulam a sociedade, a economia, as finanças, o trabalho, a cultura, a vida familiar, a religião, são, cada um na sua especificidade, “um elemento indispensável desse crescimento. Nenhum deles pode absolutizar nem excluir de uma consciência de desenvolvimento humano integral, levando em consideração que a vida humana é como uma orquestra se os diferentes instrumentos estão em perfeita sintonia e seguem uma partitura compartilhada por todos”.
Finalmente, trata-se também de “integrar a dimensão individual com aquela comunitária. É inegável que somos filhos de uma cultura, pelo menos no mundo ocidental, que destacou o indivíduo até torná-lo como uma ilha, como se pudesse ser feliz sozinho”.
“Por outro lado, não faltam visões ideológicas e poderes políticos que espezinham a pessoa, massificando-a ou privando-a da liberdade, sem a qual, o homem não pode ser homem”.
“Em tal massificação estão interessados também os poderes econômicos que querem explorar a globalização em vez de favorecer uma maior cooperação entre os homens, simplesmente por impor um mercado global no qual eles são os que fixam as regras e colhem os benefícios”, disse o Papa.
“O ‘eu’ e a comunidade não são concorrentes entre si”, “a comunidade é geradora quando todos nós somos e de maneira singular, cada um dos seus integrantes”. “Este tem inclusive mais valor no contexto da família, que é a primeira célula da sociedade, onde aprendemos a viver juntos”.
O Papa Francisco citou Jesus Cristo como exemplo da ação da Igreja no campo do desenvolvimento integral. “Deus foi conhecido plenamente em Jesus Cristo. Nele, Deus e o homem não podem se dividir e separar um do outro. Deus se fez homem para fazer da vida humana, tanto pessoal quanto social, um caminho concreto de salvação”.
“Desse modo, a manifestação de Deus em Cristo indica o caminho e a modalidade do serviço que a Igreja quer oferecer ao mundo. Sob essa luz, você pode entender o que significa o desenvolvimento integral”.
“Neste sentido – concluiu –, o conceito de pessoa, amadurecido no cristianismo, ajuda a perseguir um desenvolvimento plenamente humano”.
Por ACI Digital