Bengaleses aguardam o Papa: sabemos alegrar-nos com o pouco que temos

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Enquanto a visita do Papa Francisco acontece em Mianmar, nosso olhar se volta brevemente para a segunda etapa desta 21ª viagem apostólica internacional: Bangladesh, onde chegará na tarde de amanhã, 30 de novembro.

“A visita do Santo Padre é ocasião para mostrar ao mundo a riqueza de Bangladesh, onde diferentes comunidades por confissão religiosa e tradições sociais e culturais conseguem conviver.”

É o que afirma à agência missionária Fides o encarregado pelos bispos bengaleses do Comitê para a mídia criado para a visita pontifícia, Pe. Kamal Corraya.

Igreja do Santo Rosário, 1ª catedral de Bangladesh

Originário da cidade de Gazipur, onde é particularmente significativa a presença de católicos – num país onde os cristãos são exígua minoria –, Pe. Corraya encontra-se no complexo da Igreja do Santo Rosário de Daca, “a primeira catedral instituída em Bangladesh, um prédio do Séc. XVII, várias vezes reestruturado, que acolhe também as lápides dos missionários portugueses.

Na manhã de sábado, 2 de dezembro – após ter visitado a adjacente Casa Madre Teresa de Tejgon –, o Papa Francisco encontrará nesta Igreja “cerca de dois mil sacerdotes, religiosos, consagrados, seminaristas e noviças”, antes da visita ao cemitério paroquial e do encontro com os jovens no Colégio Notre Dame.

Riqueza do país do sudeste asiático: saber conviver com a diversidade

“Cerca dez mil estudantes provenientes de todos os cantos do país, de todas as culturas e religiões, estarão no Colégio. Essa é a riqueza de Bangladesh: a sua diversidade, a capacidade de saber conviver, apesar das dificuldades”, observa o sacerdote.

“O Santo Padre, com a sua mensagem de paz e harmonia, nos ajudará a fazer com que seja melhor conhecido o riquíssimo patrimônio cultural do nosso país, do qual somos orgulhosos, mas que muitas vezes é ofuscado pelos estereótipos sobre pobreza, extremismo, desastres ambientais”, explica o presbítero, enquanto alguns operários concluem a pavimentação e outros dão o acabamento nos canteiros.

Muitos na Comunidade islâmica apreciam mensagem do Papa

“São trabalhos que fazemos para acolher o Papa da melhor forma possível. A Igreja financia apenas uma parte. O restante provem de muitas doações privadas. Entre os benfeitores encontram-se também vários muçulmanos: na comunidade islâmica muitos reconhecem o papel da Igreja, sobretudo no campo da educação. E são ainda em maior quantidade os que apreciam a mensagem do Papa.”

Os católicos em Bangladesh são uma exígua minoria: são cerca de 370 mil segundo estimativas governamentais, numa população de quase 170 milhões de pessoas.

“O Santo Padre começou a ser conhecido e mais apreciado após a tragédia de Rana Plaza”, o edifício onde funcionavam empresas têxteis que desabou em 2013, causando a morte de mais de mil pessoas.

Naquela ocasião o “Papa Francisco condenou quem explorava os ‘novos escravos’, referindo-se aos trabalhadores, e isso impressionou muito as pessoas, que sentiram sua proximidade”, recorda Pe. Corraya.

Mensagem do Papa acessível a todos

Mesmo num país de maioria islâmica, há consonância entre as palavras do Papa e os sentimentos da população: “A mensagem do Papa é uma mensagem acessível a todos”.

“Simples, mas forte. Nós bengaleses somos assim. Simples, pobres, mas fortes. Porque sabemos alegrar-nos com o pouco que temos. É uma felicidade muitas vezes incompreensível para quem vem de países ricos. Mas temos essa capacidade. E com a visita do Papa Francisco conseguiremos consolidá-la e torná-la conhecida ao mundo”, acrescenta ele.

Por Rádio Vaticano