Nesta sexta-feira, 30, último dia do Mês da Bíblia, a Igreja celebra a memória do tradutor e exegeta das Sagradas Escrituras, São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja. Ele é o padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Palavra de Deus, e o Dia da Bíblia foi fixado no aniversário de sua morte.
O Mês da Bíblia começou a ser celebrado em setembro de 1971, por ocasião do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte, data que depois passou a ser comemorada a cada ano em todo o Brasil.
Para Dom José Antônio Peruzzo, Arcebispo de Curitiba e Presidente da Comissão Bíblico-Catequética da CNBB, o período é um tempo propício para se recordar mais a Bíblia: “É tempo em que a Palavra busca mais eco nos nossos ouvidos, mentes e afetos. Os tempos atuais pedem de nós atitudes de silêncio, de escuta. Trata-se de deixar Deus falar.”
Dom Peruzzo avalia que o melhor caminho é estimular nos católicos a Leitura Orante da Palavra.
“A Comissão Bíblico-Catequética têm acompanhado a grande multiplicação dos encontros de formação sobre a Leitura Orante da Palavra por todo o Brasil. Há também um site muito bem feito para toda a América Latina, orientado aos jovens, chamado Lectionautas. Trata-se de um caminho de busca de intimidade com Jesus Cristo através da Sagrada Escritura. Esperamos também, em breve, implementar um site da CNBB com formação bíblica, orientado aos catequistas.”
Mudanças na Catequese
Dom Peruzzo lembra que a catequese foi, por muito tempo compreendida como a arte de ensinar as grandes verdades da fé, mas que atualmente a ideia se aprofundou:
“Era o comum, pois as crianças já nasciam em um ambiente religioso e cristão. Hoje os tempos são outros. Percebemos que na cultura pós-moderna o individual e subjetivo se impõem até nas famílias cujas raízes cristãs são mais profundas. Há um caldeamento cultural muito semelhante aos primeiros tempos da Igreja. Por isso, antes de apresentarmos ao catequizando um “corpo de verdades”, é necessário apresentar a pessoa de Jesus Cristo. É aí que entra a Palavra de Deus.”
A catequista Lilian Bueno coordena o trabalho da Catequese Bom Pastor, na Paróquia São José, em São Paulo. O método, trazido da Itália pela fundadora Sofia Cavaletti, busca criar ambientes que favoreçam uma experiência da criança com o amor de Jesus.
“Os encontros são Bíblico-Litúrgicos, e se dão em momentos chamados de Átrio. Ali a criança tem contato com a Palavra de Deus. Após o anúncio, as crianças são levadas a fazer uma oração espontânea, em que perguntamos a elas ‘ O que você gostaria de falar para Jesus? ‘. Ao final, são cantadas músicas pelas crianças, e em seguida elas trabalharão com os materiais próprios da catequese, em um momento de interiorização. Nós catequistas somos instrumentos de Deus, nos colocando junto com as crianças na escuta da Palavra.”
A catequista explica que o método cria na criança pequena um hábito de oração pessoal. Quando cresce mais um pouco, ingressa no Segundo Nível, que vai de 6 a 9 anos, e já sabe ler a Bíblia.
“Nessa idade ela já tem a consciência moral e se prepara para a Primeira Comunhão. Recebe então a Bíblia em uma Missa de entrega da Palavra, de forma solene e pelas mãos do sacerdote que a chama pelo nome. A partir daí, mostramos no átrio como ler a Palavra, como encontrar as parábolas que já conhecem e como é dividida a Bíblia.”
Evangelização em casa
Lilian enfatiza que a partir dessa experiência, as crianças naturalmente leem a Bíblia em casa, e os pais são envolvidos pelo trabalho da catequese.
“Temos diversos testemunhos de pais que ficaram surpresos quando seus filhos, após receberem a Palavra de Deus, começam a ler com alegria e entusiasmo para eles e a colocam em um lugar de destaque no quarto, dando assim a devida importância à Palavra de Deus.”
Segundo a catequista, os pais são incentivados a reservar momentos do dia para esta escuta da Palavra em família.
Dom Peruzzo ressalta a importância do papel dos pais, que devem acompanhar e incentivar os filhos, também em casa, na leitura da Palavra de Deus:
“Nenhum pai ajudará seu filho a torcer por este ou aquele time de futebol se não mostrar interesse pelo time em causa. Se não assistir aos jogos na TV, se não ler as notícias sobre o time, se não conhecer os jogadores, se não falar sobre as vitórias e derrotas. Assim acontece com a Bíblia. Se os pais não mostram vínculo com a Palavra, se não a leem, não comentam sobre ela, e não baseiam suas escolhas e valores Nela, os filhos a considerarão como nobre ornamento de prateleira.”
Por Canção Nova