Cardeal Tagle: mudar de mentalidade para humanizar fenômeno das migrações

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O Papa Francisco lançará durante a Audiência Geral da próxima quarta-feira a Campanha da Caritas Internationalis “Share the Journey”.

A iniciativa envolve todas as Caritas do mundo e tem por objetivo promover a acolhida dos migrantes e dos refugiados por meio da partilha das suas esperanças.

Para saber mais sobre a campanha, a Secretaria para a Comunicação (SPC) entrevistou o Presidente da Caritas Internationalis, cardeal Luis Antonio Tagle:

“Para a Igreja e especialmente para a Caritas Internationalis é um momento para recordar não somente aos cristãos, mas a todo o mundo, o mandamento do Senhor que sempre tem no coração as pessoas mais vulneráveis. Vemos isto também no Antigo Testamento: as viúvas, os órfãos, os estrangeiros. Jesus Cristo, no capítulo 25 do Evangelho de São Mateus diz: “Estou presente”. O Senhor está presente nos estrangeiros! Este é o objetivo mais profundo: obedecer ao mandamento do Senhor.  Este objetivo fundamental se expressa nas palavras do Papa Francisco quando fala de acolher, de proteger, de promover o desenvolvimento integral humanitário de cada imigrante e de integrar os migrantes em uma nova comunidade. Esta é uma abordagem a ser seguida: humanizar este fenômeno da migração. Os migrantes não são estatísticas, não são números, mas pessoas”.

SPC: Existem tantas crises humanitárias no mundo neste período. Por que “acolher os migrantes” é uma prioridade para o Papa Francisco, para o senhor Cardeal Tagle e para a Caritas Internationalis?

“A migração não é um fenômeno novo no mundo. Olhando para o mundo numa perspectiva verdadeira, a história da humanidade é uma história de migrações! Porém, agora, existem fatores e fenômenos que tornaram a migração “perturbadora”: as novas formas de escravidão, o uso das mídias sociais para sexo online, a venda de crianças… Nós queremos recordar ao mundo que existe uma humanidade que não é uma questão abstrata, mas uma questão que diz respeito à dignidade da pessoa. E o Papa Francisco, fiel à Doutrina Social da Igreja, coloca a dignidade da pessoa no centro. O mesmo vale para a Caritas Internationalis, a dignidade de cada pessoa”.

SPC: Nos últimos anos temos visto a construção de tantos muros em diversos países. O que se poderia fazer no sentido de construir pontes e não muros?

“Antes de construir muros físicos, existe um muro que já foi construído: o da mentalidade. Esta Campanha da Caritas é um apelo à conversão, à mudança de mentalidade por meio dos encontros pessoais, porque quando encontramos um migrante como pessoa, face a face, um na frente do outro, os meus olhos se abrem; não vejo somente uma estatística ou um número, mas uma pessoa verdadeira que é um irmão, uma irmã, alguém próximo. Vejo talvez o rostos de meus pais, de meu irmão, de minha tia, de meu tio. É desta forma que começa a mudança de mentalidade: cai o muro e se constrói a ponte!”.

Por Rádio Vaticano