As paróquias da Diocese de Uruaçu celebraram, no dia 20 de junho, a Solenidade Corpus Christi, festa do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo em que a Igreja manifesta publicamente a sua fé em Jesus vivo, todo inteiro, verdadeiramente, na Hóstia Consagrada. Confecção de tapetes, procissões e Santa Missa marcaram este dia.
Na Santa Missa presidida na Catedral Imaculado Coração de Maria, em Uruaçu, o Administrador Diocesano, padre Francisco Agamenilton destacou a centralidade da celebração. “Jesus se nos dá por inteiro: o corpo, o sangue, a alma e a divindade”. Ele lembrou que “hoje, então, é uma ocasião especial para renovar nossa fé pessoal e comunitária na Eucaristia”.
Padre Agamenilton comentou ainda que a procissão, que se seguiria após a missa, trata-se da profissão pública da nossa fé. “… A hóstia consagrada não é pão, mas é Deus-amor entre nós; que a Missa é a atividade mais importante do final de semana e dela se participa com amor, atenção e respeito. Os milagres eucarísticos são Deus dizendo estas coisas para nós e tantos católicos ainda insistem em desrespeitar a Missa ou trocá-la pelas atrações passageiras”.
Leia homilia na íntegra
HOMILIA DA MISSA DE CORPUS CHRISTI
Uruaçu, 20 de junho de 2019
Prezado Mons. José Francisco, bispo eleito de Ipameri, prezados padres André, Pedro e Thiago, seminaristas, prezados leigos e leigas a serviço da liturgia, caríssimas religiosas e leigos e leigas consagrados, caríssimos visitantes, paroquianos de Sant’Ana e São Sebastião.
Exultemos de alegria, louvemos nosso pastor e guia, pois ele se compadeceu de nós e nos deu um alimento: um pão que dá vida, o pão vivo descido do céu: Jesus Cristo, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro. Nosso júbilo cantemos, nosso amor manifestemos, pois Jesus se nos dá por inteiro: o corpo, o sangue, a alma e a divindade.
A solene festa de hoje, “o dia, que da santa Eucaristia nos recorda a instituição” (Sequência), foi estabelecida pelo papa Urbano IV, em 1264. Mesmo a Missa sendo celebrada todos os dias, o papa entendeu ser útil e digno celebrar, pelo menos uma vez ao ano, uma festa mais solene, especialmente para confundir e refutar a hostilidade dos hereges. Hoje, então, é uma ocasião especial para renovar nossa fé pessoal e comunitária na Eucaristia: “Senhor, eu creio neste grande mistério de amor!”: “Faz-se carne o pão de trigo, faz-se sangue o vinho amigo. […] Pão e vinho, eis o que vemos; mas ao Cristo é que nós temos em tão ínfimos sinais… Alimento verdadeiro, permanece o Cristo inteiro quer no vinho, quer no pão. É por todos recebido, não em parte ou dividido, pois inteiro é que se dá!” (Sequência).
Logo mais, professaremos publicamente esta fé com a procissão pela Avenida Tocantins. Poderemos dizer ao mundo e a esta cidade, já testemunha de profanações eucarísticas, que a hóstia consagrada não é pão, mas é Deus-amor entre nós; que a Missa é a atividade mais importante do final de semana e dela se participa com amor, atenção e respeito. Os milagres eucarísticos são Deus dizendo estas coisas para nós e tantos católicos ainda insistem em desrespeitar a Missa ou trocá-la pelas atrações passageiras. Recordemos são Mateus Moreira, mártir brasileiro em Uruaçu, no Rio Grande do Norte. Ao ser martirizado no dia 03 de outubro de 1645, enquanto lhe arrancavam o coração pelas costas, exclamava: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”.
A procissão deste dia festivo pela Avenida Tocantins é anúncio que não estamos sozinhos, mas somos acompanhados pelo Emanuel, Deus conosco. Ele é nossa força e nosso amparo no caminho da vida, alimento da alma, cura do pecado, esperança que não morre. Recordaremos a nós mesmos e anunciaremos a Uruaçu e ao mundo que Deus existe e é amor.
Com a procissão de Corpus Christi queremos também que o Senhor passe em nossa vida, visite os nossos lares, os ambientes de trabalho, lazer, estudo, saúde, ambientes da justiça, do comércio, dos serviços públicos. Nos belos tapetes confeccionados por vocês estão a vida, os dons e o sacrifício de cada um. O Senhor Jesus, ao passar por eles, passa em sua vida e toca a sua história salvando-lhe e lhe dando um novo ânimo para viver, pois ele é o pão vivo que dá vida.
De fato, diz o Evangelho de hoje: “todos comeram e ficaram satisfeitos”. As multidões comeram algo de bom e de suficiente para responder a real necessidade humana de alimento. As pessoas daquele tempo comeram pão e peixe. Hoje nós comemos arroz e feijão e ficamos contentes e fortalecidos para andar mais uma légua. Imaginemos o que nos acontece quando comungamos a Eucaristia que é Deus, o pão vivo que dá vida: tornamo-nos eternos, vacinados contra a morte, aumenta a nossa união com Cristo, fortalecemo-nos na caridade, somos preservados dos pecados mortais, reforça-se a união entre nós e nos comprometemos com os pobres (“Dai-lhes vós mesmos de comer” – Lc 9,13).
Este é o pão que dá vida. Por que insistir em comer o pão que dá a morte? Por que tantos brasileiros persistem em comer o pão do egoísmo, o pão da corrupção, o pão da injustiça, o pão da malandragem, o pão da violência, da droga, do sexo sem amor e responsabilidade, o pão do WhatsApp mal-usado, o pão da mentira? Os efeitos estão aí: a diarreia, a desnutrição, o mal-estar, a morte que são a miséria na qual se encontram tantas pessoas, o desemprego, famílias desfeitas, filhos não amados, pais e mães angustiados sem saber o que fazer de suas famílias, parentes que choram os assassinados, pessoas vazias sem rumo na vida. Por que comer o pão da morte? Quem come o pão da morte, morre. Quem come o pão da vida, vive.
“Hoje a Igreja te convida: ao pão vivo que dá vida vem com ela celebrar!” (Sequência). Disse Jesus: “eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35).
Às palavras de Jesus “dai-lhes vós mesmos de comer” corresponde a missão dos batizados, e não me refiro somente aos padres e freiras, e sim a todos os batizados: leigos, consagrados e ordenados; corresponde-nos a missão de dar Jesus às pessoas para que elas tenham vida e vida em abundância. Somos batizados e enviados para isso: dar de comer aos nossos semelhantes. E nós temos a comida. Nossos padroeiros Sant’Ana e São Sebastião isso fizeram. Façamos nós também. Desta maneira, viveremos nós e garantiremos vida para as próximas gerações.
A festa foi registrada em fotos em várias paróquias da diocese. Confira!