Dom Auza: migração, passar da indiferença à cultura do encontro

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“O número total de migrantes que atravessam as fronteiras alcançou, na história, níveis recordes. O fenômeno da migração é uma realidade complexa cujas necessidades e expectativas dos  envolvidos deveriam levar a uma solidariedade maior.”

Foi o que disse o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, Dom Bernardito Auza, em seu pronunciamento na segunda-feira (22/05), em Nova Iorque, no encontro sobre o tema “Compactação Global por uma migração segura, ordenada e regular”. 

Na primeira parte de seu discurso, Dom Auza se deteve no tema do desenvolvimento sustentável. “É necessário uma mudança de comportamento em relação aos migrantes e refugiados. Deve-se passar do medo e da indiferença à cultura do encontro”, frisou. 

“A responsabilidade e a repartição dos encargos devem levar em conta a riqueza e o nível de desenvolvimento de um país. A crise econômica persistente limita as possibilidades da resposta de um Estado às emergências. A chaga da seca em algumas partes do mundo reduz a possibilidade de fornecer assistência humanitária a um número crescente de refugiados e deslocados.” 

“Nesse contexto, é indispensável o envolvimento ativo dos parceiros internacionais. O Papa Francisco recorda que trabalhar juntos por um mundo melhor requer que os países se ajudem reciprocamente, num espírito de cooperação. A iniciativa da Compactação Global promovida pela ONU para a migração é uma ocasião única para desenvolver políticas coordenadas e investimentos”, sublinhou Dom Auza. 

Na segunda parte de seu discurso, o arcebispo filipino se deteve na ligação entre crise humanitária e migração. “A Santa Sé reitera que a cada pessoa deve ser garantido o direito de permanecer no próprio país num contexto marcado pela paz e segurança econômica. As pessoas não se sentirão obrigadas a deixar suas casas se lhes forem garantidas as condições de uma vida digna e se as causas dos fluxos migratórios forem enfrentadas adequadamente.” 

“Se o direito de permanecer no próprio país precede ao de imigrar, os fluxos migratórios se tornarão voluntários, regulares e seguros. Consequentemente, tais fluxos se tornarão mais gerenciáveis e sustentáveis. Quando o direito de permanecer num país é respeitado, a migração se torna uma escolha e não uma decisão obrigatória”, disse o prelado.

“No mundo, mais da metade dos refugiados, de migrantes forçados e deslocados internos foram obrigados a fugir de seus países por causa de conflitos e violência. Quando chegam ao país de destino, ao invés de encontrar um lugar seguro, enfrentam em muitos casos discriminação, nacionalismo extremo, racismo e falta de políticas claras que regulem o sistema de acolhimento.”

“A maneira mais eficaz para impedir a migração forçada é pôr fim a guerras e conflitos. Dentre as causas da migração estão a pobreza extrema, a falta de bens e serviços de base, degradação ambiental grave e catástrofes. É preciso ajudar as populações em dificuldade em seus próprios países. Este é o único caminho eficaz para conter as formas dramáticas de exploração”, concluiu Dom Auza.

Por Rádio Vaticano