Teve início nesta segunda-feira, (26) em Roma, o “Simpósio sobre o papel da mulher na Igreja”, organizado pela Congregação para a Doutrina da Fé, no Instituto de Estudos Superiores sobre a Mulher (ISSD) do Ateneu Regina Apostolorum. Dom Luis Ladaria Ferrer, Secretário do dicastério, que se encontrou na segunda com o Papa, conversou com a Rádio Vaticano:
R. – Este simpósio nasce do desejo do Santo Padre de aprofundar o estudo sobre as mulheres na Igreja, de modo que o papel das mulheres seja cada vez mais valorizado. A primeira coisa a dizer é que as palestras nesta conferência na sua grande maioria são feitas por mulheres: portanto, aqui há uma presença feminina também do ponto de vista teológico. Os temas principais são os fundamentos teológicos da vocação da mulher na vida da Igreja, a mulher na Escritura, a mulher na História da Igreja, em seguida, a Revolução Cultural – em certo sentido – que estamos vivendo, a perspectiva filosófica e teológica da diferença sexual, a presença feminina nas esferas institucionais da Igreja, os grandes temas – a Igreja Sacramento e esposa e mãe, com todas as implicações para as mulheres. São grandes temas que serão tratados por uma ou duas conferencistas. Não teremos apenas uma visão de cada um desses temas, mas sempre uma variedade de pontos de vista.
P. – Qual a necessidade de se reunir para debater este tema?
R. – Foi uma iniciativa do Santo Padre, por que as mulheres são, pelo menos a metade dos cristãos e têm direito a ter voz; na Igreja Católica o ministério ordenado é reservado aos homens, mas há um papel da mulher que deve ser cada vez mais valorizado. Então, essa é a razão.
P. – O Santo Padre falou da necessidade de uma profunda teologia da mulher: quais poderiam ser as bases para construí-la?
R. – Bem, isso é o que tentamos fazer neste simpósio: portanto, os fundamentos teológicos, como foi na história, como foi valorizada ou não valorizada a mulher na história, ver um pouco o passado para ir aos desafios do presente.
P. – O Santo Padre disse aos bispos brasileiros: “Não devemos reduzir o compromisso das mulheres na Igreja, mas sim promover o seu papel ativo na comunidade eclesial”. Como promovê-lo?
R. – Sempre com iniciativas pastorais, e com um pouco de imaginação, sabendo que o mundo muda e que também nós devemos mudar, e a Igreja deve encontrar maneiras de se tornar cada vez mais presente, em todas as esferas, e aqui, a presença da mulher pode ser decisiva.
P. – Como mudou ao longo do tempo o papel das mulheres na Igreja?
R. – Eu falo da minha experiência como professor de uma faculdade de teologia: em todas as faculdades de teologia hoje há mulheres; cinquenta anos atrás isso não existia… É claro que em outros campos as mulheres sempre estiveram muito presentes. Pensemos na área da saúde, na educação: aqui sempre estiveram muito presentes. Mas agora elas também estão presentes neste lugar de reflexão teológica e não é uma questão secundária.
Por Rádio Vaticano