Neste último domingo, 6, a Igreja Católica esteve unida em oração pelos cristãos perseguidos em todo o mundo. A iniciativa do Dia Internacional de Oração pelos Cristãos Perseguidos é promovida pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) e recebe o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ainda participação de todas as paróquias do país.
A edição deste ano ampliou as intenções de oração realizadas nas edições anteriores, que estavam voltadas para os grupos perseguidos no Oriente Médio. De acordo com a ACN, a mudança ocorre porque em alguns países da África, por exemplo, morrem mais pessoas por serem cristãos do que em qualquer outro lugar do mundo.
“A Igreja é uma grande comunhão, nós até chamamos de comunhão dos santos aqueles que pertencem a Cristo, que foram revestidos de Cristo. E manifestarmos através da nossa oração essa comunhão, essa caridade, significa sermos cada vez mais Igreja”, motiva o bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner.
Pontuando a percepção de que a vivência da fé em determinados lugares do mundo presume o testemunho com o sangue, Dom Leonardo afirma que todos os cristãos participam do martírio e da perseguição: “Participarmos deste dia de oração pelos cristãos perseguidos é mostrarmos também a nossa fé comum em Cristo Jesus”.
Frutos da oração
O membro da ACN-Brasil Rodrigo Arantes conta que muitos frutos foram colhidos desde a primeira edição do Dia de Oração e lembra que, a cada ano, a ACN traz uma personalidade de algum país onde os cristãos sofrem perseguição para dar seu testemunho no Brasil e de uma forma bem concreta na Assembleia Geral da CNBB. Neste ano, foi à Aparecida (SP) o bispo copta católico de Assiut, no Egito, dom Kyrillos Samaan, que falou aos bispos do Brasil sobre os cristãos perseguidos no seu país. “Dom Kyrillos ficou maravilhado ao saber como os cristãos brasileiros se dedicam a rezar pelos cristãos perseguidos do Egito e do mundo todo”, disse Rodrigo.
“É impressionante como, desde que esse Dia de Oração teve início com o apoio da CNBB, sinais de esperança têm aparecido: há alguns anos as estimativas é de que os cristãos no Iraque iriam desaparecer, hoje vemos a Planície de Nínive pacificada e os cristãos retornando e reconstruindo seus lares”, recorda, citando o local de onde foram expulsos mais de 100 mil cristãos na noite do dia 6 para o dia 7 de agosto de 2014 pelo Estado Islâmico.
Outra história “que não se explica sem considerar o poder da oração” foi o retorno de uma menina chamada Cristina que, com apenas 3 anos de idade, havia sido sequestrada pelos terroristas do EI no dia 6 de agosto de 2014 e foi devolvida à família sã e salva em junho 2017.
“Graças a essa iniciativa da ACN com o apoio da CNBB, os cristãos brasileiros não apenas passaram a saber o que acontece com aqueles que correm o risco de perderem suas vidas para viver sua fé como ainda podem rezar por eles e os encher de esperança por meio da oração”, afirma Rodrigo.
Para Dom Leonardo, o testemunho dos cristãos perseguidos no Oriente Médio, na África e na Ásia, por exemplo, “nos ajuda a viver uma fé transparente, mais límpida, que realmente mostre a eternidade já encarnada, o reino de Deus já presente neste mundo, mas que será também um reino definitivo”. Aos brasileiros, de acordo com o bispo fica a mensagem de testemunhar a fé onde se vive. “Nós também temos intempéries, dificuldades, nós do Brasil temos corrupção, às vezes nos deixamos envolver por determinados elementos de corrupção”. Mesmo assim, o exemplo é para “sermos esse testemunho transparente e livre do evangelho”.
Histórico
O Dia Internacional de Oração pelos Cristãos Perseguidos no Mundo ocorre anualmente no dia 6 de agosto em referência à mesma noite e madrugada de 7 de agosto de 2014, quando milhares de cristãos fugiram do norte do Iraque, expulsos pelos extremistas do grupo Estado Islâmico.
“Cerca de 100 mil cristãos, aterrorizados e em pânico, fugiram de suas casas sem nada, somente com as roupas do corpo, a pé, rumo às cidades curdas. Entre eles havia doentes, idosos, crianças e mulheres grávidas, precisando de água, comida, medicamentos e um lugar para ficar”, declarou na ocasião o patriarca Louis Raphael Sako, chefe da Igreja Católica Caldeia.
Assim que recebeu as primeiras informações na manhã do dia 7 de agosto, a ACN mobilizou os benfeitores e iniciou campanhas e projetos para socorrer materialmente e espiritualmente os perseguidos e refugiados. Desde então a Fundação Pontifícia realiza um dos maiores projetos de ajuda da sua história, direcionando esforços para alimento, abrigo e educação para os refugiados, ação que já resulta em mais de 2 mil projetos no Oriente Médio desde o início da crise.
Saiba mais
Segundo recente relatório da Catholic Near East Welfare Association (CNEWA) – agência criada pelo papa Paulo XI em 1926 para o apoio dos pobres – os cristãos médio-orientais que vivem entre Chipre, Egito, Iraque, Israel, Jordânia, Líbano, Cisjordânia, Gaza, Síria e Turquia são 14,5 milhões. O dado foi divulgado na primeira metade de 2017. Há sete anos, o número era de 200 mil pessoas a mais.
Por Canção Nova, com CNBB