Pentecostes recorda aquela manhã em que os discípulos de Jesus, reunidos com Maria (Atos 1,14) no Cenáculo em Jerusalém, receberam o Espírito Santo que veio como que em línguas de fogo. Pentecostes é uma palavra grega (pentekosté) e refere-se a cinquenta dias após a Páscoa. No batismo, todos recebem o Espírito Santo, cujos dons são reforçados no sacramento da confirmação. E é precisamente aos fiéis batizados a quem se dirigem estas fortes palavras do Documento de Aparecida: “Todos os membros da comunidade paroquial são responsáveis pela evangelização dos homens e mulheres em cada ambiente (…). A tarefa missionária se abre às comunidades, assim como ocorreu em Pentecostes.” (Doc. de Aparecida n. 171).
O que as pessoas entendem quando se fala do Espírito Santo? Pentecostes não é uma festa qualquer da Igreja, pelo significado que tem para todo o Povo de Deus. Ela celebra a vinda do Espírito Santo para a Igreja e a presença do Espírito na vida de cada cristão. É com essa festa que Deus criou entre todos os povos a unidade para formarmos o Corpo de Cristo na terra.
Não cabe a nós, contudo, tentar entender o que é o Espírito Santo, já que ninguém é capaz de alcançar, em sua totalidade, os mistérios da fé. Como falou Jesus, ‘o Espírito sopra onde quer’ e ninguém sabe de onde vem e para onde vai, porém, é o Espírito que nos ilumina, fortalece e guia de tal maneira que o Cristo pode viver em nós. O importante na vida do cristão não é tanto entender, mas corresponder àquilo que Ele nos sugere.
O Espírito Santo tem indispensável contribuição na nossa vida de fé porque ele é o amor de Deus, o amor do Pai para o Filho e do Filho para o Pai que é tão intenso e tão abrangente que é uma Pessoa como o Pai e o Filho, e que se derrama no universo para santificar e nos tornar possível participar da vida de Deus. Animados pelo Espírito Com a experiência de Pentecostes, os discípulos missionários ganham força graças aos dons e carismas. “O Espírito na Igreja forja missionários decididos e valentes como Pedro e Paulo, indica os lugares que devem ser evangelizados e escolhe aqueles que devem fazê-lo”, dizem os bispos no Documento de Aparecida (D.A. n. 150) e, continuam eles, “necessitamos de um novo Pentecostes” (n. 548). Com isso, a Igreja poderá sair ao encontro de todos quantos são os destinatários da Boa Notícia que dá sentido à vida e traz esperança.
“Assim como a farinha seca não pode, sem água, tornar-se uma só massa nem um só pão, nós também, que somos muitos, não poderíamos transformar-nos num só corpo, em Cristo Jesus, sem a água que vem do céu. E assim como a terra árida não produz fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore ressequida, jamais daríamos frutos de vida, sem a chuva da graça enviada do alto.” (Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo do Séc. II)
“Sem o Espírito Santo, Deus está longe, Cristo permanece no passado, o Evangelho é letra morta, a Igreja é mera organização, a autoridade é dominação, a missão é propaganda, o culto é arcaísmo e o agir cristão obra de escravos. Mas, no Espírito Santo, o cosmos é enobrecido pela geração do Reino, o homem está em combate contra a carne, Cristo ressuscitado torna-se presente, o Evangelho se faz poder e vida, a Igreja realiza a comunhão trinitária, a autoridade se transforma em serviço que liberta, a missão é Pentecostes, a liturgia é memorial e antecipação, o agir humano é deificado.” Atenágoras, (1886–1972), patriarca ortodoxo de Constantinopla