Arquidiocese do Rio de Janeiro dá passos rumo ao ecumenismo com criação do grupo Diálogo e Paz

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Os religiosos fazem parte do grupo Diálogo e Paz, criado pelo arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal dom Orani Tempesta, no início de 2020, integrado por católicos romanos, católicos do rito grego-melquita, evangélicos, judeus, mulçumanos, espíritas, representantes de matrizes africanas, entre elas, o Candomblé e Umbanda. Ainda, membros do grupo dos Juristas Inter-religiosos, que surgiram a partir do grupo Diálogo e Paz.

Da Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso estavam o bispo referencial, dom Roque Costa Souza, o coordenador, padre Fábio Luiz de Souza, e o secretário, diácono Nelson Águia. Também presente a coordenadora do Instituto Expo-Religião, Luzia Lacerda, que promove a cultura do diálogo entre credos religiosos.

“O grupo Diálogo e Paz, composto por diversas religiões, foi criado no início de 2020, e quando chegou a pandemia, começamos a nos reunir de forma on-line, sob a presidência de dom Orani. Passados dois anos e com a vacinação completa, foi possível nos encontrar para um momento fraterno, saudável e proveitoso. O encontro foi desejado e promovido pelo nosso arcebispo, que exerce o ministério para que ‘todos sejam um’, conforme o seu lema episcopal”, disse o diácono Nelson Águia.

Caminhar juntos

Para o babalorixá Márcio de Jagun, do Candomblé, “o grupo Diálogo e Paz, criado pelo queridíssimo Dom Orani, é um oásis em meio a uma sociedade rude e violenta, que nos dá abrigo, esperança e que nos ajuda a refazer as expectativas da saúde. Um oásis que nos prepara para continuar a viagem – não para nos esconder das agruras –, mas para percorrer os nossos destinos”. Para ele, é muito bonito o “exercício de caminhar juntos e de confraternizar”.

“Depois de dois anos de trabalho a distância, foi muito bom nos encontrarmos, rirmos juntos, nos congraçarmos e nos confraternizarmos. Foi um encontro refazedor de muitas esperanças e, sobretudo, de muitas certezas. A certeza que nossos passos são firmes, que nossos propósitos pela unidade são verdadeiros, abençoados de forma plural pela fé e religiosidade que a própria diversidade nos oferece. Uma diversidade que nos une, na qual o respeito é praticado de forma efetiva por nós”, disse o babalorixá Márcio de Jagun.

Abraçar e trocar ideias

Segundo o diretor de relações inter-religiosas da Federação Israelita do Rio de Janeiro, Paulo Maltz, o congraçamento de início de ano foi a primeira oportunidade, após dois anos de pandemia, das pessoas se encontrarem presencialmente e de se abraçarem.

“Foi um momento muito bonito porque pude conhecer algumas pessoas que fazem parte do grupo Diálogo e Paz e não tinha visto pessoalmente. O encontro foi o ápice desses anos, quando foi possível nos abraçar e trocar ideias pessoais sobre como continuar nossas ações, que vão acontecer, independente da pandemia. Agradeço a Dom Orani, ele que participou de todas as reuniões, sem exceção, que segura o leme deste grupo. É memorável a força que ele dá a todos e a fé e a coragem que ele transmite para que nós possamos continuar nos encontrando e buscando o objetivo comum”, disse Paulo Maltz.

Diálogo e paz

“A gratidão profunda por estar presente num evento tão significativo foi aprofundada ao experimentar o sincero e profundo respeito entre os representantes de religiões tão diversas”, disse o fundador e presidente da Igreja Ministério Betesda, em Niterói (RJ), pastor Silas Esteves.

“Na minha percepção, vejo que respeitarmos o sagrado e a fé do próximo abre um caminho a ser seguido por diferentes setores da nossa sociedade. A nossa civilização está enferma pelas radicalizações, polarizações e preconceitos, mas ao sermos acolhidos pelo Cardeal Dom Orani com coração tão aberto, pudemos experimentar o que considero um passo vital de cura para esses tempos de tanta divisão e dor — o respeito mútuo possibilita uma atmosfera de diálogo e paz entre religiões tão diferentes”, destacou.

“Como pastor evangélico – disse o fundador e presidente da Igreja Ministério Betesda – reputo de suma importância o abandono dos muros, dos preconceitos e intolerâncias, para que corações abertos se encontrem num clima de respeito e acolhimento do diferente”.

“Nesses dois anos que caminhamos juntos nessa trajetória de diálogo e paz entre as religiões, tenho sido abençoado por Deus, por encontrar um abraço sincero e um diálogo aberto que exala respeito e encorajamento à fé que cada uma professa”, disse.

“Devo salientar a liderança do Cardeal Dom Orani que, calculadamente, iniciou e lidera essa experiência transformadora que pode e deve ser compartilhada com diferentes setores da nossa sociedade, trazendo diálogo e promovendo a paz entre pessoas que creem e pensam de formas diversas”, concluiu o pastor Silas Esteves.

Fonte: CNBB