Presidência da CNBB participa da XXIV Assembleia Geral online do Conselho Indigenista Missionário

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Entre os dias 11 e 14 de outubro, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) realiza a XXIV Assembleia Geral do Cimi. Com o tema “Rumo aos 50 anos” e o lema “História e Resistência em Defesa da Causa Indígena”, o objetivo do Cimi é dar continuidade à sua missão: apoiar a luta dos povos indígenas. No decorrer dos quatro dias de trabalho, além dos debates, trocas de experiências e deliberação, será dado o referendo dos novos coordenadores regionais.

O arcebispo de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Walmor Oliveira de Azevedo, o bispo-auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, e o assesor político da entidade, padre Paulo Renato, participaram do encontro.

Na manhã da última segunda-feira (11), o evento iniciou com o painel “Rumo aos 50 anos: memória e projeção”, que trouxe falas do teólogo Paulo Suess; do indigenista, pesquisador e um dos fundadores do Cimi e da Operação Amazônia Nativa (Opan) – antiga Operação Anchieta -, Egydio Schwade, da pedagoga e linguista do Cimi Regional Mato Grosso, Eunice Dias de Paula; e da integrante do Cimi Regional Nordeste, Daniela Abreu.

Em razão da pandemia da Covid-19, os encontros deste ano ocorrem, pela primeira vez, em formato virtual. Durante as atividades propostas para a Assembleia – construída de forma conjunta pelo Coletivo Nacional de Formação – missionários, missionárias, lideranças indígenas, representantes da igreja Católica, organizações aliadas e apoiadores, além de assessores do Cimi de todas as regiões do país, puderam participar dos debates, místicas e espiritualidade.

Na abertura do evento, Antônio Eduardo Cerqueira , Secretário-Executivo do Conselho Indigenista Missionário, relembrou alguns trechos pontuais do Plano de Pastoral do Cimi sobre a dinâmica de esperança na atuação junto aos povos indígenas, que farão emergir um mundo novo para todos, por meio de luta e resistência. “A partir da fé, com seus desdobramentos na proximidade aos Povos Indígenas e na universalidade de sua causa, os missionários e as missionárias sabem que os índios devem crescer e eles diminuir. Por isso, o Cimi incentiva, tanto no campo político quanto no campo religioso, o protagonismo missionário e uma fé adulta, como sujeitos históricos na sociedade”, frisou.

“Colher as sementes do verbo ocultas nos povos”

Iniciando as explanações do painel “Rumo aos 50 anos: memória e projeção”, Egydio Schwade, filósofo, teólogo, indigenista e ativista social que, desde 1963, atua em favor dos povos, falou sobre algumas de suas vivências e sobre o histórico de atuação missionária, principalmente com os Jesuítas, além dos precedentes da criação do Cimi.

Schwade destacou uma das frases atemporais que o marcou profundamente, modificando seu modo de pensar e viver. “No início dos anos 50, num documento da Ordem Geral dos Jesuítas – que descrevia a dramática situação das populações oprimidas do mundo inteiro – havia uma frase que para mim repercute muito até os dias de hoje: ‘olhem as vossas obras como se tivessem que reconstruí-las pelos seus fundamentos’”, destacou o indigenista. Para ele, naquela época, era preciso criar um instrumento na Igreja que pudesse compreender e fortalecer os modos de vida e identidades dos povos tradicionais.

O filósofo conta, ainda, que o Cimi surgiu com a proposta de pôr em prática as orientações do Concílio Vaticano II, em relação a um papel mais participativo para a fé na sociedade, com atenção para os problemas sociais e econômicos. Ele pontuou que um dos entraves principais eram os próprios superiores das províncias e das missões religiosas, que investiam tudo em obras já estruturadas. Para ele, muitos sentiam que deveriam enfrentar a situação com uma nova visão da chamada “obediência religiosa”, mas foi o dominicano Frei Gil Gomes Leitão, missionário junto aos Suruí do Pará, que apresentou uma inesquecível lição sobre a questão: “Obediência, sim, mas obediência criativa!”.

A pastoral indigenista libertadora e o papel profético do Cimi

Paulo Suess, Assessor teológico do Cimi, trouxe reflexões importantes sobre o papel da entidade no processo de fortalecimento da defesa dos povos indígenas e também na ruptura nas práticas missionárias coloniais. Ele conta que foi no oitavo ano da ditadura militar, no período mais repressivo da história brasileira, que o Cimi começou a se estruturar, a partir do que ele chama de atos proféticos.

“O Cimi é um filho do Vaticano II e transformou a colonialidade das práticas missionárias em pastoral indigenista libertadora. Esse foi o primeiro ato profético. O segundo, ocorreu durante a primeira Assembleia Geral do Cimi, quando a entidade definiu profeticamente seis prioridades que até hoje são válidas, trazendo uma conscientização missionária para a política indigenista. Contra as ondas agitadas da época”, destacou.

Saiba mais: www.cimi.org.br 

Fonte: CNBB