Cuidado com a casa comum: “o tempo está se esgotando”, adverte o Papa Francisco

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Nesta terça-feira, 18 de junho de 2019, completam-se quatro anos desde que a encíclica Laudato Si’ pôde ser conhecida pelo mundo todo. O alerta para a urgente mobilização frente à crise socioambiental vivida no mundo, com o chamado à conversão ecológica, agora ganhou contornos de urgência: “o tempo está se esgotando”, disse o Papa Francisco, na última semana a dirigentes de empresas petrolíferas que participava do encontro sobre “A transição energética e a tutela da casa comum”.

O encontro promovido na Casina Pio IV, nos Jardins Vaticanos, pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, teve a participação do Papa Francisco, que manifestou sua preocupação com o “momento crítico” que o planeta está vivendo.

“Queridos amigos, o tempo está se esgotando! As reflexões devem ir além das meras explorações daquilo que pode ser feito e concentrar-se sobre o que precisa ser feito”, exortou o Pontífice.

De acordo com destaque do Vatican News, o Papa Francisco ressaltou que a atual crise ecológica, “especialmente a mudança climática, ameaça o futuro da família humana”. Francisco lamentou o fato de que por muito tempo os frutos das pesquisas científicas foram coletivamente ignorados. Um dos mais recentes, citado por Francisco, foi o relatório sobre o impacto do aquecimento global se ultrapassada a marca de 1,5°C nos próximos anos.

“Como demonstra a atual situação, os pobres são os mais vulneráveis aos furacões, à seca, às inundações e aos outros eventos climáticos extremos. Por isso, certamente se requer coragem para responder ‘ao clamor sempre mais desesperado da terra e dos seus pobres’”, disse Francisco.

Francisco destacou a exigência dos jovens para que haja uma transformação. O mesmo destaque foi dado pelo prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Cardeal Peter Turkson, em carta à comunidade científica por ocasião do aniversário da encíclica Laudato Si’:

“É bom juntar cientistas e jovens para pedir a nossa família humana, especialmente aqueles em posições de poder político e econômico, que tomem medidas drásticas para mudar de rumo. Devemos “pensar em um mundo único, um projeto comum” ( LS 164)). Devemos apelar aos líderes políticos para que sejam muito mais corajosos e ouçam o dramático grito da comunidade científica e o movimento juvenil pelo clima” – cardeal Turkson.

O cardeal ainda destacou o dever dos governos de respeitar os compromissos assumidos na conferência do clima realizada em Paris, no ano de 2015: “Para enfrentar essa crise climática alarmante, precisamos mobilizar a vontade e a decisão, bem como recursos econômicos de grande escala. Foi feito durante a crise financeira de 2007-2008 para salvar os bancos: não é possível fazer o mesmo agora para salvar a nossa casa comum, o futuro de nossos filhos e as gerações futuras?”, provoca.

Diálogo entre Igreja e empresas
O encontro no Vaticano examinou três pontos interconexos: uma correta transição energética, o preço do carvão e a transparência ao divulgar os riscos climáticos.

A transição implica uma gestão do impacto social rumo a uma sociedade com baixo consumo de carvão. “Se for bem administrada, esta transição pode gerar novas oportunidades de emprego, reduzir as desigualdades e aumentar a qualidade de vida para as pessoas afetadas pela mudança climática”, evidenciou o Papa.

Fotos: Vatican Media e Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral