Papa Francisco faz viagem apostólica a Malta e destaca migração e desejo pela paz

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O Papa Francisco realizou sua 36ª Viagem Apostólica, no último final de semana. Ele visitou Malta, um arquipélago situado na região central do Mar Mediterrâneo marcado historicamente pela acolhida de migrantes. Dessa experiência de acolhida, Francisco recordou o Apóstolo Paulo. O pontífice também falou, em diversas ocasiões, sobre a realidade da guerra na Ucrânia.

Francisco encontrou-se com o presidente da República, o primeiro ministro, autoridades, corpo diplomático, membros da Companhia de Jesus e migrantes. Ele participou de um encontro de oração no Santuário Nacional de “Ta’ Pinu”, em Gozo; visitou a gruta de São Paulo, onde dedicou um momento de oração; e presidiu a Santa Missa no Largo dei Granai, em Floriana.

Migrantes

Francisco falou sobre a realidade da migração no encontro com as autoridades e o corpo diplomático, motivando a superar o medo contido na narrativa da invasão: “ajudemo-nos a não ver o migrante como uma ameaça não cedendo à tentação de construir pontes levadiças e erguer muros”.

“Não deixemos que a indiferença apague o sonho de vivermos juntos! Claro, acolher custa fadiga e exige renúncias. Foi assim também com São Paulo: para se porem a salvo, foi necessário primeiro sacrificar os bens do navio (cf. At 27, 38). Mas trata-se de santas renúncias as que são feitas por um bem maior, pela vida do homem, que é o tesouro de Deus!”, disse Francisco

Francisco desejou que Malta, “coração do Mediterrâneo, continue a fazer palpitar a esperança, o cuidado pela vida, o acolhimento do outro, o anseio de paz, com a ajuda de Deus, cujo nome é paz”.

Papa durante encontro com autoridades e corpo diplomático | Foto: Vatican Media

Durante a visita à gruta de São Paulo, o Papa meditou uma oração que recorda o anúncio do amor de Deus aos habitantes da Ilha, que ainda não conheciam o Evangelho. No texto, fala também do naufrágio do apóstolo e seus companheiros de viagem. Ali, os malteses acolheram-nos “com coração aberto”.

Papa Francisco na gruta de São Paulo, em Malta | Foto: Vatican Media

No encontro com os migrantes, ressaltou a passagem bíblica que foi o lema da viagem apostólica – «Trataram-nos com invulgar humanidade» (28, 2).

“Refere-se à forma como os malteses acolheram o Apóstolo Paulo e todos aqueles que, juntamente come ele, naufragaram perto da Ilha. Trataram-nos «com invulgar humanidade». Não só com humanidade, mas com uma humanidade não comum, uma solicitude especial que São Lucas quis imortalizar no livro dos Atos. Almejo que Malta trate sempre assim aqueles que desembarcam nas suas costas, sendo verdadeiramente para eles um «porto seguro».”

Durante o encontro, Francisco pôde escutar testemunhos de migrantes acolhidos no Centro João XXIII. Ele manifestou um sonho de que os migrantes, depois de experimentarem “um acolhimento rico em humanidade e fraternidade”, possam tornarem-se “pessoalmente testemunhas e animadores de acolhimento e fraternidade”.

“Considero muito importante que, no mundo atual, os migrantes se tornem testemunhas dos valores humanos essenciais para uma vida digna e fraterna”.

Francisco discursa durante encontro com migrantes | Foto: Vatican Media

E motivou a imitar a atitude dos malteses que acolheram São Paulo: “Respondamos ao desafio dos migrantes e refugiados com o estilo da humanidade, acendamos fogueiras de fraternidade à volta das quais as pessoas se possam aquecer, reanimar, reacender a esperança”.

Guerra

Em vários momentos, Francisco expressou sua tristeza pela realidade da guerra, encontrada em várias partes do mundo e com maior atenção na Ucrânia. Recordando o discurso de Jorge La Pira, em 1960, Francisco lamentou o ressurgimento de um infantilismo “prepotentemente nas seduções da autocracia, nos novos imperialismos, na difusa agressividade, na incapacidade de lançar pontes e começar pelos mais pobres”. Ele também manifestou tristeza por habituarmo-nos a pensar com a lógica da guerra.

“E é triste ver como o entusiasmo pela paz, surgido depois da II Guerra Mundial, se debilitou nas últimas décadas, bem como o percurso da comunidade internacional, com alguns poderosos que avançam por conta própria à procura de espaços e zonas de influência. E assim não só a paz, mas também muitas questões importantes, como a luta contra a fome e as desigualdades, foram efetivamente canceladas das principais agendas políticas”.

Durante a oração do Angelus, convidou a pedir a intercessão de Nossa Senhora rezando pela paz, “pensando na tragédia humanitária da atormentada Ucrânia, ainda sob os bombardeamentos desta guerra sacrílega”. O Papa motivou a não nos cansarmos de rezar e ajudar quem sofre.

No retorno a Roma, Francisco comentou sobre a viagem e respondeu aos questionamentos dos jornalistas sobre a guerra na Ucrânia. Para ele, “a guerra é sempre uma crueldade, uma coisa desumana, que vai contra o espírito humano, eu não digo cristão, humano”. Esse espírito é o de Caim, segundo Francisco, o espírito ‘Caimista’ de matar ao invés da paz. Recordando os esforços pela paz no pós-guerra, no século passado, o pontífice disse que “fomos teimosos como humanidade”: “Somos apaixonados pelas guerras, pelo espírito de Caim”.

Ele ainda pontuou a disponibilidade de visitar a fronteira da Polônia com a Ucrânia e continuar os esforços pelo cessar fogo: “Estou disposto a fazer tudo o que precisa ser feito, e a Santa Sé, especialmente o lado diplomático, o cardeal Parolin e dom Gallagher, estão fazendo tudo, mas tudo, não se pode publicar tudo o que eles fazem, por prudência, por confidencialidade, mas estamos no limite do nosso trabalho”.

 

Com informações e imagens de Vatican News e Vatican Media

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