Uma mais estreita colaboração das religiões com os governos e os vários atores econômicos e sociais para promover sistemas energéticos “que verdadeiramente estejam a serviço de toda a família humana”.
É o que pedem os líderes religiosos muçulmanos, cristãos e judeus reunidos esta quinta-feira (31/08) em Astana, no Cazaquistão, para o encontro inter-religioso “Juntos pelo cuidado da nossa casa comum” organizado no âmbito da Expo 2017, concluído com o documento conjunto assinado, entre outros, pelo presidente do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Cardeal Peter Turkson.
As iniciativas inter-religiosas empreendidas estes anos em favor do ambiente e do clima demonstram que as religiões podem ser um forte estímulo para “uma ação concreta em favor da casa comum” e nos recordam que os valores religiosos e os preceitos morais, como o de não fazer o mal aos outros, o da solidariedade e da justiça, “devem plasmar de modo particular os pensamentos e as ações dos fiéis rumo a uma maior consciência da urgente necessidade de tutelar melhor a natureza, bem como nossos irmãos e irmãs, sobretudo aqueles mais necessitados e vulneráveis”, afirma a Declaração de intentos difundida ao término do encontro.
Nesse sentido, para os signatários do documento a questão energética assume uma relevância particular. “De fato, o modo em que a energia é gerada, transportada e consumida tem e terá no futuro um impacto significativo” sobre a natureza e os ecossistemas e, por conseguinte, sobre o acesso à água e ao alimento, sobre a sustentabilidade de nossas sociedades, dos nossos comércios e economias, sobre e equidade, a saúde, o desenvolvimento, a guerra e a paz.
Em seguida, os líderes religiosos recordam que a energia não é um bem criado pelo homem, mas um recurso que o Deus Criador nos confiou para o bem de toda a família humana. Portanto, ela não deve ser explorada indiscriminadamente, mas com um “discernimento inspirado pela busca do bem comum da humanidade”.
Daí, a exortação dirigida sobretudo a todos os fiéis e às pessoas de boa vontade a aprofundar a reflexão sobre os valores comuns e sobre a relação do homem com a natureza. Uma responsabilidade que interpela de modo particular os pais, mas também a escola e as instituições educacionais religiosas e os meios de comunicação, afirma-se.
O acesso à energia é um pré-requisito fundamental para a realização de numerosos direitos humanos e para o desenvolvimento das comunidades.
Daí, o pedido de políticas, financiamentos e a transferência de tecnologias que assegurem uma energia limpa, confiável e com um baixo impacto ambiental.
Nesse sentido, os líderes religiosos reiteram seu apoio à transição rumo a fontes de energia não poluidoras e à redução da dependência de energias fósseis.
Em seguida, fazem apelo aos Estados a fim de que rejeitem todo projeto em larga escala que tenha um impacto social e ambiental negativos e que contrastem toda especulação irresponsável sobre os recursos energéticos.
Ademais, os signatários pedem às empresas, bem como aos consumidores, que não se deixem guiar unicamente pela mera busca do máximo lucro a curto prazo. Por fim, a declaração condena a utilização dos recursos energéticos para a produção de armas, particularmente de bombas nucleares.
Por Rádio Vaticano