“Orar pelos mortos expressa uma profunda comunhão e ajuda recíproca”

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“Como membros da família humana, orar uns pelos outros, num eterno presente de Deus, expressa um profundo sentido de comunhão e de ajuda recíproca”, desta forma o bispo da diocese de Livramento de Nossa Senhora (BA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Armando Bucciol define o sentido da oração pelos mortos, por ocasião do Dia de Finados, 2 de novembro.

A Comemoração dos Fiéis Defuntos, como é chamada a celebração litúrgica do dia 2 de novembro, é uma continuação da Festa de Todos os Santos, vivida no dia anterior. “A Igreja quer abraçar a todos os que pelo batismo mergulhamos em Cristo morto e ressuscitado e pertencemos ao corpo místico por esta comunhão dos santos que cria e gera um laço profundo”, disse.

Segundo dom Armando, a oração pelos mortos tem sua razão na comunhão que existe entre todos os que pertencem ao corpo místico de Cristo. “Sendo Jesus o salvador da humanidade existe por meio dele uma comunhão com a esta”, disse.

A origem da Comemoração de todos os Fiéis Defuntos vem de longe, recorda o religioso. O culto aos mortos, no sentido de respeitosa e comovida recordação, pertence à história mais antiga da humanidade. Os cristãos, desde os primórdios, mantiveram o costume, dando a este rito o toque próprio da fé na “ressurreição”, elemento essencial e fundamental da visão cristã da vida e da morte.

Ao longo da história, há abundante documentação a respeito da necessidade de orar pelos falecidos. Desde o livro dos Macabeus se fala da necessidade de rezar pelos mortos afim de que sejam absolvidos de seus pecados. O Dia de Finados adquire rosto e data, como hoje o conhecemos, no início do segundo milênio por obra do santo Odilon, abade da famosa e importante abadia de Cluny, na França.

A Igreja, desde o início de sua caminhada, deu culto especial aos mártires, pessoas que ganharam a coroa do martírio. Disso, começou a devoção aos santos – irmãos e irmãs que fizeram da própria vida um dom, ficando fieis até o fim, imitando Jesus, o Mártir, a testemunha fiel como canta o livro do Apocalipse.

Para quem crê: a morte não é o fim

A visita aos cemitérios juntos aos túmulos dos entes queridos é expressão de comunhão, feita de dor e saudade. Mas pela fé que ilumina os que creem em Jesus Cristo, afirma dom Armando, deve permanecer a certeza, como canta a liturgia, de que a vida não é tirada, mas transformada.

Para o religioso ao ir ao cemitério refletimos sobre a morte que pertence à nossa condição humana. Por outro lado, ele adverte que a correria cotidiana, a superficialidade, a banalização da vida e o progresso da medicina, entre outros fatores, contribuem para que não se pense na morte e se viva na ilusão da imortalidade. “A liturgia da Igreja fala a linguagem da realidade e da esperança. Convida a pensar na morte, porém não como perca, mas como passagem que gera dor e não desespero”, disse.

“O discípulo de Jesus caminha da fé para esperança, que é a salvação definitiva. Apesar de não termos superado ainda todas as alienações das quais a morte é a última expressão, caminhamos sob o impulso do amor desinteressado de Deus com o compromisso de sermos gratos e gratuitos em nossa vida. Vivamos, portanto com a nossa fé este dia que com certeza enriquece a nossa espiritualidade, o nosso relacionamento com a vida e com os demais irmãos e irmãs da caminhada do dia a dia”, concluiu.

Por CNBB