O Papa concluiu sua série de audiências, na manhã desta sexta-feira, 21, recebendo na Sala Clementina, no Vaticano, cerca de 255 participantes no Encontro Internacional de Pastoral Vocacional, promovido pela Congregação para o Clero.
Em seu discurso, Francisco expressou seu temor em usar algumas expressões comuns da linguagem eclesial. Por exemplo, disse, Pastoral Vocacional poderia dar a impressão de ser uma dos tantos setores da ação eclesial, um departamento curial ou a elaboração de um projeto.
O Papa afirma que tudo isso é importante, mas a Pastoral Vocacional é bem mais do que isto “é um encontro com o Senhor”. A acolhida de Cristo é um encontro decisivo, que ilumina a nossa existência, nos livra da angústia do nosso pequeno mundo e nos torna discípulos apaixonados pelo Mestre:
“A Pastoral Vocacional é aprender o estilo de Jesus, que passa pelos lugares da vida cotidiana, se detém, sem pressa, e, olhando os irmãos com misericórdia, os conduz ao encontro com Deus Pai. Ele é o ‘Deus conosco’, que vive entre seus filhos, não teme misturar-se entre a multidão das nossas cidades”.
Dinamismo da Pastoral Vocacional
Aqui, Francisco citou o exemplo da vocação de Mateus: Jesus saiu de novo a pregar, depois viu Levi sentado no banco de impostos e, enfim, o chamou. O Papa se deteve nestes três verbos evangélicos para indicar o dinamismo de toda pastoral vocacional: “sair, ver e chamar”. Explicando o primeiro verbo “sair”, disse:
“A Pastoral Vocacional precisa de uma Igreja em movimento, capaz de ampliar seus confins, com base no grande coração misericordioso de Deus… Devemos aprender a sair da nossa rigidez, que nos tornam incapaz de comunicar a alegria do Evangelho, das fórmulas anacrônicas e das análises preconcebidas, que envolvem a vida das pessoas em esquemas frios”.
Neste sentido, dirigindo-se sobretudo aos pastores da Igreja, aos Bispos e aos Sacerdotes, o Papa disse: “Vocês são os principais responsáveis das vocações cristãs e sacerdotais; saindo, vocês podem ouvir os jovens, ajudá-los a discernir as ações dos seus corações e orientar os seus passos. Somos chamados a ser pastores no meio ao povo, a animar a pastoral do encontro e a dispor de tempo para acolher e ouvir os outros, sobretudo os jovens. A seguir, o Santo Padre explicou o segundo verbo, “ver”:
“Quando Jesus passa pelas ruas, pára e cruza seu olhar com o do outro, sem pressa. Eis o que torna atraente e fascinante a sua chamada. Hoje, infelizmente, a pressa e velocidade dos estímulos nem sempre deixam espaço ao silêncio interior, no qual ressoa a chamada do Senhor”.
Às vezes, constatou Francisco, é possível correr este risco em nossas comunidades: pastores e agentes pastorais podem cair num ativismo vazio por causa da pressa e dos seus compromissos. Mas, o Evangelho nos ensina que a vocação inicia com um olhar de misericórdia.
Chamado vocacional
Mateus não viu em Jesus um olhar de desprezo ou de julgamento, mas um olhar no seu interior. Logo um olhar de discernimento. Aqui, o Papa explicou a terceira ação de Jesus com Mateus, “chamar”:
“Chamar é o terceiro verbo típico da vocação cristã. Jesus não faz longos discursos, não apresenta um programa a se aderir e nem respostas preconcebidas. Eles se limita em dizer ‘segue-me’, Jesus suscita o desejo de pôr-se em marcha e de deixar uma vida sedentária”.
Este desejo de busca destaca-se sobretudo nos jovens: é o tesouro que o Senhor coloca em nossas mãos, que deve ser mantido, cultivado e germinado. O Pontífice convida os presentes a ajudar os jovens a pôr-se a caminho e descobrir a alegria do Evangelho de Jesus. E concluiu, exortando sobretudo os Bispos e Sacerdotes:
“Perseverem em ser próximos, sair, semear a Palavra com olhares de misericórdia. Tenham coragem de promover a Pastoral Vocacional mediante métodos possíveis, exercendo a arte do discernimento. Não tenham medo de anunciar o Evangelho com generosidade, de encontrar e orientar a vida dos jovens”.
Por Canção Nova, com Rádio Vaticano