“Jesus manifestou-nos o rosto de Deus, Uno na substância e Trino nas pessoas; Deus é tudo e somente Amor, numa relação subsistente que tudo cria, redime e santifica: Pai e Filho e Espírito Santo.”
Foi o que disse o Santo Padre no Angelus deste domingo (11/06), solenidade da Santíssima Trindade. Na alocução que precedeu a oração mariana Francisco afirmou-nos que as leituras bíblicas da festa da Santíssima Trindade – propostas nesta solenidade – nos ajudam a entrar no mistério da identidade de Deus.
Partindo da segunda leitura da liturgia do dia (2Cor 13,11-13), o Papa afirmou que “a comunidade cristã, mesmo com todos os limites humanos, pode tornar-se um reflexo da comunhão da Trindade, da sua bondade e beleza”. Mas isso – como testemunha o apóstolo Paulo – “passa necessariamente através da experiência da misericórdia de Deus, de seu perdão”.
Citando uma passagem da primeira leitura – Êxodo 34,6 – em que Deus proclama o próprio nome e seu significado: “O Senhor, Deus misericordioso e piedoso, lento para a ira e rico de amor e de fidelidade”, o Papa observou que este nome expressa que Deus não está distante e fechado em si mesmo, mas é Vida que quer comunicar-se, é abertura, é Amor que resgata o homem da infidelidade”.
“Deus é ‘misericordioso’, ‘piedoso’ e ‘rico de graça’ porque se oferece a nós para reparar nossos limites e as nossas faltas, para perdoar nossos erros, para reconduzir-nos ao caminho da justiça e da verdade.”
“Esta revelação de Deus cumpriu-se no Novo Testamento graças à palavra de Cristo e a sua missão de salvação”, precisou o Santo Padre.
Reportando-se ao Evangelho do dia, Francisco evidenciou que este coloca em cena Nicodemos, o qual, “mesmo ocupando um lugar importante na comunidade religiosa e civil do tempo, não deixou de procurar Deus”; e agora percebia “o eco da sua voz em Jesus.
“No diálogo noturno com o Nazareno, Nicodemos finalmente compreende ser já procurado e esperado por Deus, ser amado pessoalmente por Ele”, disse Francisco, acrescentando:
“Deus sempre nos procura por primeiro, espera-nos por primeiro, ama-nos por primeiro. É como a flor da amendoeira; assim diz o Profeta “Floresce primeiro” (Jer 1,11-12).
De fato, assim fala Jesus: “Deus amou tanto o mundo que deu o Filho, unigênito, para que todo aquele que n’Ele crer não se perca, mas tenha a vida eterna (Jo 3,16). O que é a vida eterna? – perguntou.
“É o amor desmedido e gratuito do Pai que Jesus doou na cruz, oferecendo a sua vida para a nossa salvação. Este amor com a ação do Espírito Santo irradiou uma luz nova sobre a terra e em todo coração humano que o acolhe; uma luz que revela os ângulos sombrios, as durezas que nos impedem de carregar os bons frutos da caridade e da misericórdia.”
“Que a Virgem Maria nos ajude a entrar sempre mais, com todo o nosso ser na Comunhão trinitária, para viver e testemunhar o amor que dá sentido a nossa existência” – foi o pedido do Santo Padre a Nossa Mãe Santíssima.
Na saudações após a oração mariana o Papa lembrou que no sábado, na localidade italiana La Spezia, foi beatificada Ítala Mela, crescida numa família distante da fé, na juventude se professou ateia, mas em seguida se converteu a uma intensa experiência espiritual. Tornou-se Oblata beneditina e fez um percurso místico centralizado no mistério da Santíssima Trindade, de modo especial celebrado neste domingo.
“O testemunho da nova Beata nos encoraje, ao longo de nossas jornadas, a reiteradas vezes voltar nosso pensamento a Deus Pai, Filho e Espírito Santo que habita na cela de nosso coração”, foi o auspício e exortação do Pontífice.
Por Rádio Vaticano