O mundo pode mudar se abrirmos o coração aos outros, jamais responder ao mal com o mal. Foi a exortação do Papa aos cerca de seis mil jovens da experiência educacional cristã “Graal” e “Os Cavaleiros”, recebidos por Francisco na Sala Paulo VI, no Vaticano.
Falando espontaneamente, ou seja, sem texto, e respondendo às perguntas de três jovens, o Pontífice ressaltou que não há respostas diante do sofrimento das crianças, mas que somente se pode olhar para o Crucifixo e rezar.
Milhares de jovens acolheram com afeto e entusiasmo o Santo Padre na Sala Paulo VI, cujo encontro foi vivido em clima de grande festa. Com a naturalidade que lhe é própria, Francisco dialogou com os jovens, respondendo em particular às perguntas de três deles.
Dirigindo-se à jovem Marta que lhe confiara seu receio de passar para o ensino médio, Francisco ressaltou que a vida é “um contínuo bom-dia e até a próxima”. Afirmou também que se não se aprende a despedir-se bem, jamais aprenderá a encontrar novas pessoas.
Não se pode acomodar-se no sofá, retomou, por ter medo de mudar, correndo o risco de fechar o horizonte da vida. Daí, a exortação a vencer o medo de crescer e de mudar e a aceitar o desafio de alargar o horizonte, de fazer o caminho com novas pessoas.
Para mudar o mundo é preciso abrir o coração aos outros e não responder ao mal com o mal. Assim o Papa respondeu à pergunta de Giulia sobre como poder mudar o mundo. Em primeiro lugar, disse o Santo Padre, é preciso ter consciência de que ninguém possui a “varinha mágica” para mudar o mundo. Em seguida, evidenciou o coração como o motor de uma autêntica mudança:
“O mundo muda abrindo o coração, ouvindo os outros, recebendo os outros, partilhando as coisas. E vocês podem fazer o mesmo. Se você tem um companheiro, um amigo, uma amiga, um colega de escola, uma colega de escola de quem você não gosta, que é um pouco antipática… Se você vai fofocar sobre aquela pessoa, porque esta é assim e assim. Se, ao invés, você releva – ‘Não gosto, mas não digo nada’ –, como é aquela pessoa? Brava. Entenderam! Mudar o mundo com as pequenas coisas de todos os dias, com a generosidade, com a partilha, criando essas atitudes de irmandade.”
Em seguida, o Santo Padre pediu aos jovens que jamais respondam ao mal com o mal, e que não respondam nem mesmo aos insultos. Jesus, recordou Francisco, nos pede que rezemos por todos, inclusive pelos nossos inimigos. Desse modo, rezando por todos, retomou, “se pode mudar o mundo”.
Em seguida, foi a vez de Tanio, jovem búlgaro adotado, que contou sua comovente história de sofrimento perguntando a Francisco como se pode acreditar no Senhor diante da dor que atinge as crianças.
O Papa disse que não é possível encontrar explicações racionais para o sofrimento de uma criança. Dirigindo-se a Tanio disse que é possível encontrar alguma explicação “no amor daqueles que lhe querem bem e lhe apoiam”:
“Sinceramente, lhe digo, e você entenderá bem isso: quando na oração faço a pergunta ‘por que as crianças sofrem?’, habitualmente faço essa pergunta quando vou aos hospitais das crianças e depois saio – e lhe digo a verdade – com o coração, não diria destruído, mas muito compadecido, o Senhor não me responde. Apenas olho para o Crucifixo. Se Deus permitiu que Seu Filho sofresse assim por nós, deve haver algo ali que tenha um sentido. Mas, querido Tanio, não posso explicar-lhe o sentido. Você o encontrará: mais adiante na vida ou na outra vida. Mas explicações, como se explica um teorema matemático ou uma questão histórica, não lhe posso dar nem eu nem ninguém.”
“Não posso lhe explicar isso”, retomou o Papa com sinceridade. E concluiu agradecendo a Tanio pela pergunta porque, observou, “é importante que vocês, rapazes e moças”, comecem “a entender essas coisas, porque isso os ajudará a crescer bem e a seguir adiante”.
Por Rádio Vaticano