“Se Cristo não ressuscitou, tampouco nós ressuscitaremos”. A partir deste trecho da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, o Papa Francisco desenvolveu sua homilia na Missa desta sexta-feira, 16, na Casa Santa Marta. O Santo Padre enfatizou a “lógica da redenção até o final”.
O Pontífice notou, com um pouco de amargura, que quando se recita a última parte do Credo, isso é feito com pressa, porque amedronta o homem pensar no futuro, na ressurreição dos mortos. Francisco comentou que é fácil para todos entrar na lógica do passado, porque é concreta, e também é fácil entrar na lógica do presente, porque ele é visto, mas não é fácil entrar na totalidade desta lógica do futuro.
“A lógica de ontem é fácil. A lógica do hoje é fácil. A lógica do amanhã é fácil: todos morreremos. Mas a lógica do depois de amanhã, esta é difícil. E isto é aquilo que Paulo quer anunciar hoje: a lógica do depois de amanhã. Como será? Como será isso? A ressurreição. Cristo ressuscitou. Cristo ressuscitou e está bem claro que não ressuscitou como um fantasma. No trecho de Lucas sobre a ressurreição: ‘Toquem-me’. Um fantasma não tem carne, não tem ossos. ‘Toquem-me. Deem-me de comer’. A lógica do depois do amanhã é a lógica na qual entra a carne”.
Francisco disse que às vezes as pessoas se perguntam como será o céu, se estarão lá, mas não se entende aquilo que Paulo quer que elas entendam, esta lógica do depois do amanhã. E aqui, advertiu, as pessoas acabam traídas por um certo “agnosticismo” quando pensam que “será tudo espiritual” e têm medo da carne.
Não esqueçamos, disse o Papa, que esta foi a primeira heresia que o apóstolo João condena: ‘Quem diz que o Verbo de Deus não se fez carne, é do anticristo’. “Temos medo de aceitar e levar às últimas consequências a carne de Cristo. É mais fácil uma piedade espiritualista, uma piedade de nuances; mas entrar na lógica da carne de Cristo, isto é difícil. E esta é a lógica do depois do amanhã. Nós ressuscitaremos como Cristo ressuscitou, com a nossa carne”.
Transformação da carne
O Papa recordou que os primeiros cristãos se perguntavam como Jesus ressuscitou e observou que “na fé da ressurreição da carne, estão enraizadas as mais profundas obras de misericórdia, porque há uma conexão contínua”. De outro lado, prosseguiu, São Paulo sublinha com ênfase que todos serão transformados, o corpo e a carne serão transformados.
O Senhor fez-se ver e tocar e comeu junto com os discípulos após a ressurreição, lembrou o Pontífice. E esta é a lógica do depois do amanhã, aquela que as pessoas têm dificuldade de entender, na qual todos encontram dificuldades para entrar.
“É um sinal de maturidade entender bem a lógica do passado, é um sinal de maturidade se mover na lógica do presente, aquela de ontem e aquela de hoje. É também um sinal de maturidade ter a prudência para enxergar a lógica do amanhã, do futuro. Mas é preciso uma grande graça do Espírito Santo para entender esta lógica do depois do amanhã, depois da transformação, quando Ele virá e nos levará às nuvens, todos transformados, para permanecer sempre com Ele. Peçamos ao Senhor a graça desta fé”.
Por Canção Nova, com Rádio Vaticano