Um discurso espontâneo, nada de papéis, e que manifestou toda a proximidade do Sucessor de Pedro às vítimas do terremoto na Itália. Assim foi o encontro do Papa Francisco nesta quinta-feira, 5, com as famílias que tiveram suas vidas transformadas após o dia 24 de agosto de 2016.
A Sala Paulo VI estava lotada de homens, mulheres, crianças e idosos que viveram momentos de terror nesse dia, quando um terremoto de 6 graus na escala Richter atingiu o centro da Itália, nas cidades de Amatrice e Accumoli, no Lazio; e Arquata del Tronto, em Marcas. Mais de 250 pessoas morreram na tragédia; a cidade de Amatrice foi praticamente toda destruída. Em outubro, o Papa Francisco visitou os locais atingidos.
Quase cinco meses depois da tragédia, as famílias sobreviventes foram ao Vaticano hoje para um encontro com Francisco. Uma delas, e também um pároco da região atingida, apresentou ao Papa um relato de sua situação, de como foi viver o momento do terremoto e seguir em frente até os dias de hoje, depois de ter perdido tudo. Não faltou o agradecimento ao Santo Padre pela ajuda concreta e proximidade espiritual que ele manteve com a população atingida, inclusive desejando a realização desse encontro de hoje.
Francisco não quis oferecer a essas pessoas um discurso pronto, pois considera que, nessas situações, o pior que se tem a fazer é dar um sermão. Ele disse o que lhe veio ao coração ao ouvir os relatos, destacando algumas palavras que lhe comoveram de forma especial, como “reconstruir”. Essas pessoas têm que reconstruir tudo, a começar pelo coração, depois casas, comunidade eclesial e, diante dessa necessidade, é preciso ter esperança, disse o Papa.
“Não há lugar para otimismo aqui, sim para a esperança. Otimismo é uma atitude que serve um pouco em um momento, mas não é substância. Hoje serve a esperança, para reconstruir”.
O Santo Padre também destacou a palavra “mãos” que apareceu várias vezes nas falas da família. As mãos que ajudam os familiares, as mãos que guiam, que ajudam o próximo, que reconstroem. “Para reconstruir, é preciso o coração e as mãos, as mãos de todos, as mãos que Deus, como um artesão, fez o mundo, as mãos que curam. As mãos de tanta gente que ajudou a sair desse incômodo, dessa dor”.
“Hoje a nossa vida não é a mesma” foi uma frase que chamou a atenção do Papa. “A ferida se cura, mas as cicatrizes permanecerão por toda a vida e serão recordação desse momento de dor, será uma vida com uma cicatriz, não é a mesma de antes. Sim, há a felicidade de estar vivo, mas não é o mesmo que antes”, disse.
Francisco encorajou todas as vítimas do terremoto a sonharem uma vez mais, para que possam recomeçar sem perder a capacidade de sonhar. “Obrigado por virem hoje e em algumas audiências desse mês. Obrigado por tudo aquilo que fizeram para ajudar-se, para construir, reconstruir o coração, as casas, os tecidos sociais, também para reconstruir, com o seu exemplo, o egoísmo do nosso coração que não sofremos com isso. Muito obrigado, estou próximo a vocês”.
Por Canção Nova, com informações da Rádio Vaticano