“Quem sou eu para julgar?”. Esse é o título do livro lançado neste mês na Itália que reúne as palavras do Papa sobre perdão, julgamento, homossexualidade e divorciados recasados pronunciadas em homilias, entrevistas e discursos num compilado de Anna Maria Foli.
O volume foi editado em italiano pela Piemme e não há previsão para ser lançado em português.
“A humildade evangélica leva a não apontar o dedo contra os outros para julgá-los, mas a estender-lhes a mão para reerguê-los, sem nunca se sentir superior”.
Com estas palavras o Papa abria o Sínodo sobre a família, abrindo perspectivas até aquele momento impensadas para as hierarquias eclesiais e convidando a praticar o mandamento explícito de Jesus:
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós”.
Visão de Francisco
Sexualidade, uniões homoafetivas, contracepção, uniões de fato, novas famílias, mas também liberdade religiosa, ecologia, finança, novas pobrezas e novas escravidões. São argumentos espinhosos que colocam em confronto a liberdade de consciência e a doutrina cristã.
O Papa Francisco oferece a sua leitura inédita, marcada por uma visão teológica profundamente reformadora. É uma abertura humana e religiosa, que interessa sempre mais também a quem não professa a mesma fé e que provoca debates inflamados dentro e fora da Igreja.
O endurecimento do coração julgador – que o Papa chama de “esclerocardia” – é consequência do fechamento do eu em si mesmo: um eu isolado, egoísta, escondido em tradições obsoletas que pisoteiam a dignidade das pessoas.
É preciso que o “coração de pedra” se transforme em “coração de carne”. E, para Francisco, somente as palavras do Evangelho que deixaremos entrar, gota a gota, em nosso espírito rígido poderão fazê-lo palpitar de compaixão.
Por Rádio Vaticano