Reflexões sobre a presença da mulher na Igreja

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Grande é o número das mulheres que participam da Igreja, estima-se que sejam dois terços dos fiéis, contra um terço dos homens.

Seria por sua maior sensibilidade? O Papa Francisco lembra na Evangelii gaudium essa característica mais presente na mulher.

“A Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares, que habitualmente são mais próprias das mulheres que dos homens”, afirma. 

Marilza José Lopes Schuina é presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), um dos organismos mais expressivos dos leigos no Brasil.

Responsável pela articulação, organização e representação do laicato no Brasil, o CNLB foi criado em 1975, e teve em sua história 9 presidentes, dos quais duas mulheres, uma é Marilza.

Atualmente, dos 17 regionais da CNBB, 14 são presididos por mulheres. Esse é apenas um organismo, mas mostra como é importante a organização laical das mulheres, diz Schuina. “Elas articulam a organização do laicato nas dioceses de seus respectivos regionais e nas organizações filiadas”, destaca a presidente em entrevista ao A12.

A reflexão sobre a dignidade da mulher, seus direitos e deveres, nos diversos âmbitos da comunidade civil tem ocupado cada vez mais espaço, mas também na Igreja.

As mesmas relações e discussões que ocorrem na esfera social também se manifestam no seio da Igreja, e por vezes, precisam ser melhor debatidas.

Para Schuina, assim como na sociedade “a plena participação da mulher ainda não chegou na Igreja”. A presidente recorda a fala do Papa Francisco que indica a necessidade de uma maior reflexão sobre os espaços que a mulher ocupa na Igreja.

“Um aspecto citado pelo Papa Francisco é trabalhar com mais empenho para desenvolver uma teologia da mulher: uma eclesiologia que envolva mais as mulheres nos papéis onde elas deveriam estar envolvidas… A inclusão da mulher na Igreja também é uma forma criativa para promover as mudanças de que ela precisa”, assinala.

Papa Francisco reforça que a mulher, embora partilhe de muitas responsabilidades pastorais juntamente com os sacerdotes, contribuam no acompanhamento de pessoas, famílias, grupos e prestem novas contribuições para a reflexão teológica, ainda deve ter um maior espaço na Igreja em papéis de responsabilidade onde as decisões são tomadas.

“Ainda é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja.Porque ‘o gênio feminino é necessário em todas as expressões da vida social; por isso deve ser garantida a presença das mulheres também no âmbito do trabalho’ e nos vários lugares onde se tomam as decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais”, escreve na Evangelii gaudium.

São João Paulo II dedicou uma carta para falar às mulheres, a Carta Apostólica Mulieris Dignitatem. O primeiro documento do Magistério pontifício dedicado inteiramente à temática da mulher.

Ao encerrar essa carta, ele pede que a presença da mulher seja reconhecida e valorizada para que “redundem em vantagem comum para a Igreja e para a humanidade”.

Dessa forma, reconhecer e valorizar a presença das incontáveis mulheres que doam suas vidas pela causa de Jesus na Igreja é o princípio de toda e qualquer ação que possa contribuir para que seu papel seja enriquecido e superado dentro da Igreja.

O Papa Paulo VI no encerramento do Concílio Vaticano II escreveu também uma mensagem às mulheres, onde lembra que elas possuem agora uma oportunidade ímpar para manifestar sua presença.

“Mas a hora vem, a hora chegou, em que a vocação da mulher se realiza em plenitude, a hora em que a mulher adquire na cidade uma influência, um alcance, um poder jamais conseguidos até aqui.

É por isso que, neste momento em que a humanidade sofre uma tão profunda transformação, as mulheres impregnadas do espírito do Evangelho podem tanto para ajudar a humanidade a não decair”.

Por A12