Após ser aprovada em outubro de 2016, pelo Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH) reuniu-se pela primeira vez, dias 27 e 28 de junho, no Centro Cultural Missionário (CCM), em Brasília (DF).
A reunião teve como objetivo “refletir sobre as atribuições da Comissão e definir um Plano de Ação para os próximos 2 anos”. O bispo de Balsas (MA), dom Enemésio Angelo Lazzaris, presidente da CEPEETH, lembra que os encaminhamentos desta reunião não nascem por acaso, mas são fruto de experiências na igreja e do Grupo de Trabalho de Enfrentamento ao Tráfico Humano que vem trabalhando desde 2012.
Nos dois dias de reunião, os participantes desenvolveram a missão, o objetivo geral e os seis objetivos específicos, informou o bispo. A missão da CEPEETH, elaborada e aprovada na reunião, é: “Á luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja, ser presença viva e profética no enfrentamento ao tráfico humano, como violação da dignidade e da liberdade, defendendo a vida dos filhos e filhas de Deus”.
Também foram definidos os quatro eixos de trabalho da Comissão: 1) Comunicação/Articulação; 2) Formação; 3) Incidência; 4) Sustentabilidade das Ações. “Estudamos direitinho as prioridades e determinamos encaminhamos práticos para cada um dos seis objetivos específicos. Ações práticas devem ser assumidas durante o período de dois anos”, disse o presidente da Comissão.
O rosto de Jesus Cristo no tráfico humano
Segundo dom Enemésio, as igrejas precisam tomar consciência que a vida está em primeiro lugar. “Nossas igrejas e nós cristãos temos que ter presente que o que fazemos para as pessoas em situação de tráfico, vulnerabilidade e alguém que necessita, não o fazemos por filantropia, nem por um simples sentimento humano de ir ao encontro das necessidades de alguém. Mas fazemos, sobretudo, porque vimos o rosto Jesus Cristo nestas situações”, disse.
Dom Enemésio lembrou da importância de ter uma incidência concreta na realidade. “É preciso como quer o papa Francisco que a gente não se satisfaça em ficar só nos templos, na sacristia, mas que sejamos uma igreja em saída, na praças, planícies, uma presença no mundo e uma incidência para que o ser humano seja respeitado na sua dignidade de pessoa, de cristão e filho de Deus”, disse.
Várias situações, segundo o bispo, configuram-se como tráfico humano como pessoas traficadas para exploração sexual, tráfico de órgãos e trabalho escravo. A desigualdade social, a pobreza e a miséria, para o bispo, são maiores responsáveis por tornar as pessoas mais vulneráveis à estas situações. “As pessoas, por dinheiro, aceitam qualquer proposta”.
A Comissão que atuar tanto na prevenção como atuar para que as situações deixem de ser invisíveis. “Não basta a gente enfrentar situações que já existem, é preciso atuar na prevenção”, alerta o religioso. Sobre a invisibilidade o bispo afirma: “Há muitos crimes cometidos para os quais não se dá importância e não se leva em consideração. É preciso que nós como pastorais, CNBB, sociedade e governos nos organizemos melhor para que este crime não continue acontecendo de uma maneira invisível e espantosa”, disse.
Com a transformação do GT numa Comissão, disse o presidente da Comissão a expectativa é dar mais força ao enfrentamento ao tráfico humano. “Assim teremos mais força na Igreja e sociedade. A expectativa era justamente ver o que nós podemos fazer e como podemos nos organizar para levar adiante este projeto que já vínhamos realizando como grupo de trabalho”, concluiu.
Integrantes da Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH)
Bispos:
Presidente: Dom Enemésio Angelos Lazzaris, Dom Adilson Pedro Busin, dom Evaristo Pascoal Spengler e dom José Luiz Ferreira Salles.
Assessor:
Frei Olavio Dotto
Secretária:
Irmã Cladina Scapini
Colabores(as):
Elizete Sant’Anna de Oliveira, irmã Eurides Alves de Oliveira, Francisco Alan Santos Lima, Iago Rodrigues Ervanovite, Márcia Maria de Souza Miranda, Maria Cristina dos Anjos da Conceição, Maria Rosely Rodrigues Pinheiro Cândido, Marie Henriqueta Cavalcante, Rogenir Almeida Santos Costas e irmã Rosite Milesi.
Por CNBB