Santa Sé avalia positivamente Plano da ONU contra incitação ao ódio

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“A Santa Sé avalia positivamente o Plano de ação da ONU para líderes e outros atores religiosos que visa prevenir a incitação à violência que pode levar a crimes de massa. Segundo a Santa Sé, a responsabilidade primária de proteger os inocentes de crimes horríveis cabe, em primeiro lugar, aos governos e à comunidade internacional.”

Foi o que afirmou o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, Dom Bernardito Auza, nesta sexta-feira (14/07), em Nova Iorque, na apresentação do plano de ação.

Impedir incitação ao ódio

Trata-se do primeiro documento internacional que se concentra no papel de líderes e atores religiosos a fim de impedir a incitação ao ódio e à violência contra pessoas ou comunidades, com base em sua pertença, e a desenvolver estratégias regionais específicas em tal âmbito. Uma questão que se tornou premente com a escalada do terrorismo internacional baseado na religião.

Fruto de três anos de trabalho e de várias pesquisas no âmbito global e nacional, o Plano de ação contém uma série de recomendações detalhadas para os Estados, organizações da sociedade civil e meios de comunicação, na consciência de que a prevenção do genocídio, de crimes de guerra, de limpeza étnica e crimes contra a humanidade requer a colaboração de todas as comunidades e instituições.

“O Plano, em seu todo, representa um progresso importante e concreto na promoção de uma cultura e de uma sociedade coerentes com a responsabilidade de proteger, conforme definido pelo documento final da Cúpula Mundial de 2005”, afirmou Dom Auza.

Responsabilidades dos Estados

O primeiro elemento positivo do documento é o fato de “sublinhar a responsabilidade dos Estados de proteger as populações de crimes atrozes, e sua incitação”, mas também da comunidade internacional “de encorajar os Estados a exercer suas responsabilidades”.

“Se é verdade que os líderes e organizações religiosas têm um papel importante a desempenhar na prevenção de crimes atrozes, é verdade também que eles não possuem os meios que os Estados dispõem para detê-los”, frisou o arcebispo filipino.

Papel positivo dos líderes religiosos

“O segundo elemento positivo do Plano de ação é o reconhecimento do papel positivo dos líderes e organizações religiosas na prevenção de tais atrocidades, nomeadamente na luta contra a instrumentalização da religião para justificar a violência.”

“Conforme sublinhando, em 28 de abril passado, pelo Papa Francisco na Conferência Internacional para a Paz de Al-Azhar, no Cairo, Egito, “a religião não é o problema, mas parte da solução”. “Mas, para que os líderes religiosos possam desempenhar esse serviço é fundamental que a religião não seja relegada à esfera privada”, observou Dom Auza.

Estimular círculo virtuoso

O prelado sublinhou a importância da participação dos líderes religiosos no diálogo entre as religiões, conforme evidenciado no Plano de ação da ONU, também através de obras em prol da justiça e do bem comum. O Papa Francisco insistiu muito sobre esse tema desde os primeiros dias de seu pontificado, destacando a sua condição necessária para paz no mundo.

“Eis porque o papel e o trabalho dos líderes religiosos, dos fiéis, em geral, e do diálogo inter-religioso, são cruciais não somente para prevenir a incitação à violência religiosa, mas também para estimular um círculo virtuoso que crie sociedades pacíficas e inclusivas, onde os crimes atrozes são eticamente inaceitáveis e inimagináveis”, concluiu Dom Auza.

Por Canção Nova, com Rádio Vaticano