“Servidor de Deus e da humanidade”: esse é o significativo título da biografia recentemente publicada de Bento XVI, de autoria do escritor e teólogo Elio Guerriero. O prefácio da obra foi feito pelo Papa Francisco. O volume traz também uma entrevista do Papa emérito concedida ao autor. Em entrevista à Rádio Vaticano, Guerriero explica como nasceu a ideia deste trabalho biográfico:
Elio Guerriero:- “Para mim, o momento impulsionador da exigência de escrever este livro foi o da renúncia, com o desconcerto que se difundiu de certo modo na vida da Igreja, mas que ganhou proporção gigantesca sobretudo nos meios de comunicação. Eu sabia que a decisão de Bento XVI de retirar-se advinha de sua profunda concepção do serviço com a qual afrontara o ministério petrino. E de seu ponto de vista, a ideia era muito clara e muito simples. Ele estava prestando um serviço: no momento em considerasse não ter mais as forças suficientes para prestá-lo, sentiria não somente o desejo, mas o dever de renunciar ao serviço, mesmo permanecendo – no que tange ao aspecto sacramental – Bispo emérito de Roma.”
RV: Bento XVI disse na audiência de 27 de fevereiro de 2013: “Não desço da Cruz. Permaneço no recinto de São Pedro”. Qual a importância dessas palavras?
Elio Guerriero:- “É extremamente importante o fato de Bento XVI continuar testemunhando essa sua disponibilidade: eu rezei, meditei, senti o dever de… E, como várias vezes testemunhou também o Papa Francisco, ele está vivendo isso com extrema serenidade. E a meu ver é a demonstração mais bonita e também mais convincente para os fiéis, mas também para toda a humanidade, essa serenidade com a qual está vivendo este tempo, esta amizade e esta comunhão com seu sucessor. O Papa Francisco escreve no prefácio do meu livro: ‘É a primeira vez que se apresenta essa circunstância de um Papa e um Papa emérito’. Mas como os dois se querem bem, estão bem juntos e dão um testemunho de fraternidade, isso é algo de extraordinariamente bonito para a vida da Igreja. E, como dizia, é também um testemunho que se dá ao mundo.”
RV: Para além do Pontificado, Joseph Ratzinger deixa uma herança importante para a vida da Igreja também como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, como teólogo…
Elio Guerriero:- “Pode ser que o exemplo que vou lhe dar seja o mais incisivo: o Catecismo da Igreja Católica. É possível que se recorde que, na época, havia uma tendência contrária a essa síntese. Pois bem, tanto João Paulo II quanto o Cardeal Ratzinger na época sentiram a necessidade de oferecer essa síntese da fé, para realizar exatamente a missão petrina de manter a Igreja unida. Aquele Catecismo – que foi pensado, dirigido e em parte também orientado propriamente nos escritos de Ratzinger – é uma herança que permanecerá longamente na vida da Igreja, durante décadas e, talvez, até mesmo durante séculos.”
Por Rádio Vaticano