Sustentabilidade e combate à pobreza são focos do Dia Mundial do Turismo

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Nesta quarta-feira (27), o mundo celebra o Dia Mundial do Turismo, atividade que movimenta bilhões ao ano no mundo todo, segundo dados da Organização Mundial de Turismo (OMT). Este ano, com o tema ‘Turismo Sustentável: um instrumento ao serviço do progresso’ as comemorações se dão em torno do ano ter sido declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional do Turismo Sustentável.

Para a instituição, o potencial do turismo para o desenvolvimento sustentável é um dos principais setores de geração de emprego do mundo. A meta da OMT é ampliar a compreensão e conscientização da importância do turismo no compartilhamento do patrimônio natural, cultural e distribuição da riqueza proporcionada pelas viagens.

Em mensagem por ocasião do Dia Mundial do Turismo, novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, destaca papel dos visitantes na ajuda às populações pobres.

“O turismo pode ser um instrumento importante para o crescimento e o combate à pobreza”, observa o texto do órgão, com votos de que este setor seja um “veículo de novas oportunidades, e não fonte de problemas”, destaca o texto.

O bispo referencial da Pastoral do Turismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Irineu Roman, escreveu um artigo onde cita a mensagem escrita pelo prefeito do órgão, cardeal Peter Turkson. O bispo relata que a Igreja se une à sociedade civil na abordagem do fenômeno convencido de que toda atividade genuinamente humana deve encontrar lugar no coração dos discípulos de Cristo.

“O turismo é um fenômeno de grande importância, seja pelo número de pessoas que ele envolve (viajantes e trabalhadores), seja pelos numerosos benefícios que ele pode oferecer (…), ou ainda, pelos riscos e perigos que ele pode representar, em muitos âmbitos”, escreveu o cardeal Turkson.

Segundo a Doutrina Social da Igreja, o verdadeiro desenvolvimento “não se reduz a um simples crescimento econômico”, mas “deve ser integral”, ou seja, “promover todos os homens e o homem todo”, como ressalta a Carta Encíclica Populorum Progressio.

Turismo sustentável

O turismo sustentável é aquele que busca minimizar impactos negativos ambientais e socioculturais. Ao mesmo tempo promove benefícios econômicos para pessoas, comunidades locais e seus destinos. Ecoturismo é turismo sustentável em áreas naturais. Beneficia o meio ambiente, pessoas e comunidades visitadas. Promove o aprendizado, respeito e consciência sobre aspectos humanos, ambientais e culturais.

Dados da OMT mostram que em 2030, o turismo atingirá o marco de dois bilhões de turistas viajando pelo mundo. A atividade é uma força poderosa e transformadora do ponto de vista religioso, econômico, social e cultural que faz toda a diferença no cotidiano.

Segundo dom Irineu Roman, o turismo sustentável também valoriza as diferenças culturais e contribui para o fortalecimento da paz no mundo. A sustentabilidade definida pela ONU tem como base três pilares: econômico, social e ambiental. O turismo, se bem concebido e gerido, proporciona emprego e renda em harmonia com a natureza, a cultura e a economia dos destinos.

“O consumo responsável dos serviços turísticos também minimiza impactos negativos ambientais e socioculturais e, ao mesmo tempo, promove benefícios econômicos para as comunidades locais e no entorno dos destinos”, destaca.

Na adoção dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela ONU e que têm por horizonte o ano de 2030, o turismo foi inserido em três deles: a) promover crescimento econômico sustentável e inclusivo, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos; b) consumo e produção sustentável; c) e conservação e uso sustentável dos oceanos, mares e fontes marinhas para o desenvolvimento sustentável.

Na mensagem, o cardeal Turkson recorda que a Igreja está oferecendo uma contribuição própria, lançando iniciativas que colocam realmente o turismo ao serviço do desenvolvimento integral da pessoa. Por isso, fala-se de “turismo com o rosto humano”, que se traduz em projetos de “turismo de comunidade”, “de cooperação”, “de solidariedade”, e na valorização do grande patrimônio artístico, uma verdadeira “via de beleza”.

O texto chama atenção para alguns questionamentos: De que modo estes princípios podem dar concretude ao desenvolvimento do turismo? Que consequências derivam para os turistas, os empresários, os trabalhadores, os governantes e as comunidades locais?

Pelo menos três arquidioceses brasileiras, Salvador (BA), Belém (PA) e Aparecida (SP) já estruturaram a Pastoral do Turismo para que os profissionais do turismo religioso trabalhem bem o turismo sustentável com os visitantes.

Turismo religioso

A Organização Mundial do Turismo estima que o turismo religioso movimenta em torno de US$ 18 bilhões ao ano no mundo todo. No Brasil, quatro principais destinos de peregrinação, Aparecida (SP), o Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), o Círio de Nazaré em Belém (PA), e a Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP) já somam quase 20 milhões de peregrinos/ano. A média nacional, gira em torno de 30 milhões, segundo o site Romaria Brasil.

Para dom Irineu, o setor ainda tem potencial de crescimento, mas precisa investir na qualificação dos profissionais que atendem esses turistas e nas estruturas de estadia, mobilidade, oração.

Segundo o Ministério do Turismo, Aparecida (SP) deverá encerrar o ano do tricentenário da padroeira do Brasil com 12 milhões de visitantes. Por causa das festividades, o roteiro da fé também deve se estender a Canção Nova e ao Santuário de Frei Galvão, em Guaratinguetá, cidades vizinhas de Aparecida.

Por CNBB