“A data é a possibilidade de mostrar ao país, à sociedade brasileira as consequências de um descaso. Ela precisa ser lembrada pelo Brasil como expressão do descaso pelo cuidado com a nossa Casa Comum: meio ambiente, a comunidade, a família, as pessoas”. Foi o que afirmou Dom Leonardo Steiner, secretário Geral da CNBB, sobre os dois anos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), completos ontem, domingo, 5.
O desastre ambiental, sem precedentes no Brasil, deixou 19 mortos e os rejeitos da barragem da Mineradora Samarco atingiram mais de 40 cidades em Minas Gerais e no Espírito Santo. Até agora, as multas ainda não foram pagas, as famílias afetadas não foram devidamente atendidas e nenhum plano de manejo foi implementado. A tragédia também é responsável pela poluição do Rio Doce e dos seus afluentes.
“Um depósito de rejeitos de uma mineradora precisa ter vigilância constante e sérias medidas de prevenção de desastres. O que aconteceu em Mariana não pode ser esquecido. Ainda que se tenha realizado alguma coisa por parte das empresas determinadas pela Justiça, as investigações realizadas nestes últimos dois anos ainda não deram uma resposta condizente com o tamanho da agressão”, enfatizou Dom Steiner.
Para o bispo, nestes dois anos, o Brasil esperou por justiça, esperou que as empresas envolvidas assumissem as responsabilidades pelo acidente e iniciassem planos de efetiva reparação. Dom Steiner aproveitou a data para pedir atenção ao período de chuvas que se aproxima e à necessidade de serem iniciadas frentes de trabalho em atenção às famílias atingidas e à despoluição dos mananciais que formam o rio Doce.
Segundo Dom Steiner, desde a ocorrência da tragédia, a Arquidiocese de Mariana tem-se colocado ao lado dos atingidos, fazendo-se presente em suas vidas no acompanhamento espiritual, no atendimento pastoral, nas celebrações religiosas e também na ajuda no discernimento das decisões e encaminhamentos, favorecendo sua organização, defendendo seus direitos e sua dignidade. De acordo com o bispo, a assistência acontece por meio de Dom Geraldo Lyrio e dos bispos cujas comunidades foram atingidas pela tragédia. “ Sabemos como os pastores carregam no coração as legítimas preocupações do rebanho que lhes foram confiados”, enfatizou.
“Permanecemos unidos aos bispos da região com nossa prece, nossa amizade e renovamos, junto as comunidades de todo o Brasil, o apelo para que a as providências justas sejam urgentemente tomadas em favor das famílias atingidas, da segurança ambiental e do cuidado com a nossa Casa Comum. Seria muito bom que todas as nossas comunidades nas celebrações deste final de semana elevassem a Deus uma prece. A oração como sinal da solidariedade, como pedido de justiça, como expressão da nossa esperança alicerçada na certeza de que Deus não nos abandona”, finalizou Dom Steiner.
Por Canção Nova, com CNBB