O documento de trabalho (Instrumentum laboris) da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, marcada para outubro, impressiona pela abordagem ampla e articulada dos inúmeros desafios que dizem respeito à família. Um deles, defende a necessidade de uma presença da Igreja junto das vítimas da violência doméstica e outras formas de abuso.
“Em alguns casos, é urgente a necessidade de acompanhar situações nas quais os vínculos familiares estão ameaçados pela violência doméstica, com intervenções de apoio capazes de curar as feridas infligidas, e desenraizar as causas que as determinaram”, refere o texto, apresentado nesta quinta-feira, na Sala de Imprensa da Santa Sé.
O texto que vai orientar os trabalhos sinodais sublinha que a violência doméstica, o abandono e a desagregação familiar têm “um impacto significativo na vida psicológica da pessoa e, consequentemente, na vida de fé”.
Na preparação para este Sínodo, foi enviado às conferências episcopais de todo o mundo um questionário com 38 perguntas para promover uma consulta alargada às comunidades católicas sobre as principais questões ligadas à família e ao casamento.
“Unânime e transversal nas respostas é também a referência à violência psicológica, física e sexual, e aos abusos cometidos em família sobretudo contra as mulheres e as crianças”, lê-se no texto.
O documento condena o assassinato de mulheres, “com frequência ligado a profundos distúrbios relacionais e afetivos”, um fenômeno que considera “realmente preocupante”.
A Igreja é chamada a ocupar-se das famílias que vivem “situações de crise e de estresse” e enfrentam problemas provocados por fatores econômicos, sociais ou culturais (pobreza, guerra, abusos, violência, migrações, separações, poligamia, entre outros).
O documento fala num “impacto negativo” da mídia e das novas tecnologia de comunicação sobre a família, considerando que “a televisão, o smartphone e o computador podem ser um impedimento real do diálogo”.
Entre as várias “pressões culturais” sobre a família mencionam-se o “individualismo” e o “consumismo”, bem como a “tentativa da sua privatização”, anulando a “participação da família na sociedade”.
“É necessário propor uma visão aberta da família, fonte de capital social, o que significa, de virtudes essenciais para a vida comum”, sustenta o “Instrumentum laboris”.
A terceira assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos vai se realizar no Vaticano entre os dias 5 e 19 de outubro, com a participação de mais de 180 pessoas, entre presidentes de conferências episcopais, religiosos, responsáveis da Santa Sé, peritos e outros convidados. O Sínodo terá como tema os “desafios pastorais sobre a família” e será seguido por uma assembleia ordinária em 2015.
Por Rádio Vaticano