Tentarei nestas breves linhas refletir sobre o significado desta festa, que está intimamente ligada aos mistérios da vida de Maria e ao Plano que Deus tinha para Ela.
História
A Sagrada Escritura não relata o nascimento de Maria Santíssima nem o episódio da sua apresentação no templo. Entretanto, muitos escritos apócrifos (em particular o Proto-evangelho de São Tiago) e a Tradição, narram, com muitos detalhes, que a Santa Menina, a pedido seu, foi levada por seus pais, Joaquim e Ana, ao templo na idade de três anos, onde se consagrou em corpo e alma ao Senhor.
Segundo a mesma tradição apócrifa Ela teria ali permanecido até os doze anos, saindo apenas para ser desposada por São José.
A origem da festa da apresentação de Maria Santíssima no Templo está ligada à dedicação da Igreja de Santa Maria a Nova, construída perto do templo de Jerusalém no ano 543. Por isso é uma das festas mais apreciadas no Oriente. Para os orientais a Theotòkos (Mãe de Deus) é um verdadeiro templo no qual Deus, rejeitado o antigo culto, colocou a sua salvação.
Sentido da festa
A Liturgia das Horas de hoje sintetiza e nos dá um ponto de partida para aprofundarmos no sentido da festa: “… consagração que Maria fez a Deus de si mesma desde a infância, movida pelo Espírito Santo, de cuja graça ficara plena na sua Imaculada Conceição”.
Com sua apresentação no Templo, Maria quer fazer explícito aquilo que já estava presente desde a sua concepção: que Ela era totalmente de Deus, toda pura, consagrada desde o ventre de sua mãe (Ver Jr 1, 5). Esse desejo de ser totalmente de Deus está profundamente ligado à sua missão especial: ser a Mãe de Jesus, ser a nossa Mãe.
Podemos perceber nesta festa o que já havia no coração de Maria: a intenção de ser Virgem, totalmente consagrada a Deus. Esta consagração dá sentido à outra celebração do dia de hoje: Dia das Religiosas de Clausura. Aquelas mulheres, que como Santa Maria no silêncio e na oração se dedicam totalmente a Deus e à salvação da humanidade.
São João Paulo II em uma de suas audiências ressaltou a importância destas vocações e nos convidou a sempre rezar por elas: “Devemos muito, efetivamente, a estas pessoas que se consagram inteiramente à oração incessante pela Igreja e pelo mundo!”
Por último, como fruto dessa apresentação, da sua plena entrega e fidelidade ao Plano de Deus e união ao seu Filho Jesus, Maria recebe o prêmio definitivo, antecipando o nosso destino final: é assunta ao céu.
Como Maria, nós também podemos ser templos vivos de Deus
Nós também, em muitos casos, até mais jovens que Maria também fizemos uma consagração especial a Deus. Existe até uma tradição de fazer uma consagração e depois o Batismo. Gostaria de refletir agora com vocês, iluminados pelo exemplo de Maria, o seguinte: sou consciente do que implica ser consagrado, ser um batizado? Vivo a minha vida cristã em coerência com o meu Batismo? Faço da minha vida, nas palavras de São Paulo, um “sacrifício vivo, santo, agradável a Deus” (Rm 12,1)?
Eu partilho com vocês que fruto dessa reflexão, decidi consagrar totalmente a minha vida a Deus, buscando seguir o exemplo de Cristo e de Maria. Descobri esse como o meu caminho de santidade e felicidade. Outros encontrarão através do matrimônio, onde os dois juntos se consagram a Deus a fim de construir uma família edificada na fé, uma Igreja doméstica. O importante é que tenhamos a consciência que todo cristão batizado está chamado e pode ser santo. É possível percorrer o mesmo caminho que Maria.
E como posso fazer isso? O Papa Francisco em sua última audiência nos deu dicas muito práticas de como percorrermos o caminho da santidade, dando pequenos passos.
Peçamos a Deus a graça de vivermos consagrados a Ele como o fez Maria, tendo uma vida cada vez mais plena de amor.
a12.com