Caros amigos, todos os dias temos a missão de revigorar a memória de Deus e de Seu chamado de amor em nossas vidas. Tal atitude não é passiva, pois o caminho de nossa vocação tem obstáculos e muitos são os que se levantam no mundo contra Cristo e Seu Evangelho de Amor.
Isso não é uma novidade, pois a Igreja de Deus sempre sofreu com o “mar revolto” e os “ventos contrários” (Cf. Mt 14, 22-33), realidade esta que foi transmitida pelo Concílio Vaticano II nestes termos: “A Igreja prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus, anunciando a cruz e a morte do Senhor até que Ele venha” (cfr. Cor. 11,26) (LG, 9).
Sem dúvida, a identidade de alguém pode ser entendida a partir das ideias que defende, mas não é menos verdade que conhecemos alguém quando descobrimos “contra o que ele luta”. O mundo não somente carece da luz de Cristo, frente ao que temos a vocação de ser “sal e luz” (Cf. Mt 5, 13-14), mas também é constantemente combatido pelas trevas da ignorância e do egoísmo, frente ao que precisamos tomar uma posição. Lembremos o que ensina São Paulo: “não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem” (Rm 12, 21).
Nesta batalha, ensina o Concílio, “(A Igreja) é robustecida pela força do Senhor ressuscitado, de modo a vencer, pela paciência e pela caridade, as suas aflições e dificuldades tanto internas como externas, e a revelar, velada mas fielmente, o seu mistério, até que por fim se manifeste em plena luz” (LG, 9).
É importante recordar que em sua caminhada histórica a Igreja se opõe ao mal sendo ela mesma ferida em seus membros. Porém, isto não pode nos acovardar, ao contrário, manifesta ainda mais claramente a origem santa de nossa vocação e missão, fazendo brilhar em meio às limitações humanas o esplendor da Verdade Divina.
Esta verdade e bondade que vêm de Deus é Jesus Cristo, o Filho Amado, que, ao mesmo tempo em que cura os membros doentes e vacilantes da Igreja, é alimento e salvação para o mundo inteiro “para iluminar os que jazem nas trevas, na sombra da morte, e dirigir nossos passos no caminho da paz” (Lc 1, 79).
A Igreja existe para proclamar a Vida e Ressurreição de Jesus, esta é sua bandeira e sua arma contra todo mal e egoísmo que há. Oxalá vivêssemos plenamente esta realidade e dispuséssemos de tudo o que somos e temos para levar esta luz de verdade até os confins da terra.
Por Dom Edney Gouvêa Mattoso – Bispo de Nova Friburgo (RJ)