O Sínodo especial para a região Pan-Amazônica, que iniciou neste domingo (6), no Vaticano, representa uma oportunidade para a Igreja rever sua metodologia de atuação evangelizadora e sua prática pastoral, buscando novos caminhos para ser presença ainda mais eficaz naquela região.
A preparação do Sínodo originou muitos debates. Suscitou polêmica o conceito de ecologia integral. O Papa Francisco explica que o conceito requer “abertura para categorias que transcendem a linguagem das ciências exatas ou da biologia e nos põem em contato com a essência do ser humano. (…) Uma ecologia integral exige que se dedique algum tempo para recuperar a harmonia serena com a criação, refletir sobre o nosso estilo de vida e os nossos ideais, contemplar o Criador, que vive entre nós e naquilo que nos rodeia e cuja presença não precisa ser criada, mas descoberta, desvendada” (Papa Francisco). Além disso, é necessário ter presente que o ambiente situa-se na lógica da recepção. É um empréstimo que cada geração recebe e deve transmitir à geração seguinte.
Precede a celebração da assembleia sinodal um amplo processo de escuta dos povos e das comunidades daquela imensa região.
Durante os trabalhos da assembleia, os Bispos são chamados a desenvolver a obra do discernimento, a fim de propor caminhos para o anúncio do Evangelho de Jesus Cristo junto àquela realidade. Caberá, depois, ao Papa Francisco avaliar as propostas apresentadas e de acordo com o Evangelho, a tradição da Igreja e as novas exigências que o tempo atual apresenta para a Igreja, decidir quais caminhos empreender para que ela cumpra a sua missão de anunciar o Evangelho a todos os povos.
A região Pan-Amazônica, além de cidades importantes, conserva uma variedade de povos nativos com suas culturas. Ora, desde o seu nascimento, o cristianismo tocou e se deixou tocar por outras culturas, colhendo dessas elementos e características. Isso diz de um processo de inculturação, ou seja, de inserção da mensagem cristã em diversas regiões e contextos sociais, por meio de um processo de diálogo com o universo simbólico dos povos com os quais o Evangelho entrou em contato.
Construir novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral requer capacidade para o diálogo, oração e sincero compromisso com a missão de cooperar ativamente na construção de uma “Terra sem males”, segundo os critérios do Evangelho.
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre