A pandemia do novo coronavírus tem desafiado a Igreja em sua ação pastoral. O que podemos fazer neste longo tempo que nos cobra distanciamento social, cuidados sanitários como uso de máscara e álcool em gel, sem aquilo que mais marca a vida em comunidade: o contato físico? Para as paróquias não têm sido fácil, pois a igreja é onde o povo de Deus se encontra, vive em comunhão e partilha a vida, dom de Deus. Contudo, a Igreja somos todos nós.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em seu documento 109 – Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE – 2019-2023) trata no capítulo 3 da Igreja nas casas. “A casa, enquanto espaço familiar, foi um dos lugares privilegiados para o encontro e o diálogo de Jesus e seus seguidores com diversas pessoas… A casa é, assim, assumida como lugar para o cultivo e a vivência dos valores do Reino” (nº 74).
A Igreja tem buscado novas formas de evangelização neste tempo de pandemia, sobretudo através dos meios de comunicação, conforme pudemos ver na matéria das páginas 4 e 5 desta edição do Jornal Caminhar Juntos. Vários padres e bispos também têm refletido sobre isso, na tentativa de buscar meios para que a ação pastoral da Igreja possa continuar sendo desenvolvida.
No primeiro semestre de 2021, durante o 1º Encontro de Coordenadores diocesanos e regionais de pastoral, coordenadores de movimentos e presidentes de organismos do Regional Centro-Oeste da CNBB, (Igreja em Goiás e no Distrito Federal), o padre Manoel de Oliveira Filho, da Arquidiocese de Salvador (BA), conduziu a primeira parte da reunião. Ele proferiu palestra sobre o tema “Ações pastorais em tempo de pandemia”, na qual o sacerdote destacou: “Não há receita, nem fórmula mágica, o momento é um horizonte novo com desdobramentos econômicos e psicológicos”.
Padre Manoel é graduado em história, com experiência em teologia e ênfase em pastoral. Ele explicou que neste tempo de pandemia precisa se sobressair a Igreja em processo, em caminho, isto é, a Igreja que está em construção com toda a dinâmica do caminho com suas contradições e incertezas. Para explicar melhor isso, ele citou o trecho do evangelho sobre os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35). “Neste tempo de pandemia Cristo caminha conosco, assim como caminhou com os discípulos de Emaús, entrando em nossas estradas e nossas histórias. Hoje nós estamos neste momento de incerteza, assim como aqueles discípulos, não sabemos a quem a doença vai atingir, por isso precisamos nos compreender como povo de Deus a caminho, para que ele nos ajude a serenar a alma. As respostas definitivas estão na fé, pois somos construtores da tenda da aliança”.
Um caminho novo é muito necessário conforme o padre, sobretudo que esteja próximo das pessoas que mais precisam. O mundo digital desde que começou a pandemia e posteriormente a esse período deverá continuar a ser híbrido, na visão do sacerdote. “Nossas paróquias precisam chegar à realidade dos seus fiéis, isso é tomar iniciativa, é a misericórdia que vai à miséria do outro.”