Dom Messias iniciou sua homilia saudando a todos os presentes e em seguida ressaltou que na Celebração da Missa do Crisma é um dia especial para os sacerdotes de Jesus e ainda lembrou a todos que a vida de um Sacerdote só e difícil de faltar Amor. E que a alegria sacerdotal seja espalhada e que alcance toda a diocese.
Para a ler a Homilia na integra leia a baixo:
Homilia Quinta Feira Santa 2015
Saúdo aos presbíteros, religiosas, consagrados e consagradas, seminaristas, cristãos leigos, representantes das paróquias, os ouvintes e internautas da rádio Coração Fiel.
Este um dia é especial para nós sacerdotes de Jesus Cristo. É o dia da instituição do sacerdócio, dom precioso de Cristo para sua Igreja. Nesta Missa do Crisma nas catedrais, os bispos com o seus presbitérios, celebram a unidade da diocese. A unidade que vem de Cristo e é solidificada pela graça sacramental. É por causa dele que existimos. Ele mesmo instituiu o sacerdócio.
As vezes me pego refletindo sobre o ardor vocacional que me levou para o Seminário. Os sacrifícios tinham que serem feitos, mas não eram pesados, pois existia um ideal grandioso que me fazia olhar para frente e viver alegre e com muito entusiasmo a minha vocação. Eu não tinha quase nada. Não sonhava ter bens. Desejava apenas crescer, formar para servir a Igreja como padre. O mais importante para mim era fazer o caminho vocacional. O desejo de ser padre era grande. Um dia chegou para mim essa graça preciosa.
Cada sacerdote tem a sua história pessoal. Penso que cada um amadureceu tornando-se o homem capacitado para ser ordenado presbítero. O tempo passa, a vida nos desgasta, alguns sacerdotes se cansam, outros ficam enfermos, vivem sofrimentos e no ritmo pascal da vida é preciso seguir um caminho de esforço para que o mundo não esvazie sua vida. Através da doação de cada sacerdote as graças de Cristo alcançam as pessoas.
Ser padre é uma bênção e deve ser uma alegria muito grande. Algumas pessoas manifestam pena a nosso respeito, uma espécie de sentimento de dó, dizendo que nossa vida é difícil. É difícil podemos dizer se faltar o amor, a generosidade, a oração, a espiritualidade, o espírito de renúncia, se entrarmos no caminho do ativismo (Martalismo), carreirismo suicida e da competição.
Qual é a melhor paróquia da Diocese? Nem sempre é a que tem mais dinheiro. Nem a que está mais bem estruturada. A melhor paróquia é aquela que nos desafia a doar a vida. É aquela onde existe um povo para ser evangelizado, existe disposição para acolher o Evangelho e existe um pastor que foi enviado pela Igreja para o meio daquele povo e é capaz de dar a vida pelas suas ovelhas. É aquela que não olha apenas para dentro de si, mas é capaz de olhar para fora, ser solidária, viver a comunhão. É aquela que tem o senso de pertença à Diocese e por isso trabalha inserida nas ações diocesanas.
Poderíamos fazer também a pergunta: Qual é o melhor padre? Não vou trazer uma resposta pronta, mas convido a cada sacerdote a olhar para Cristo e para a sua comunidade e se perguntar: Como posso ser melhor?
O Papa Francisco falando aos sacerdotes no Catedral do Rio de Janeiro por ocasião da JMJ disse: “Creio que é importante reavivar em nós a realidade do chamado divino que, frequentemente, damos por descontada em meio a tantas atividades do dia-a-dia: “Não fostes vós que me escolhestes; fui eu vos escolhi”, diz-nos Jesus (Jo 15,16). É um caminhar novamente até a fonte do nosso chamado. Fomos chamados por Deus e chamados para permanecer com Jesus (Cf Mc 3,14), unidos a Ele. Na realidade, este viver, este permanecer em Cristo, configura tudo o que somos e o que fazemos. É precisamente a vida em Cristo o que garante a nossa eficácia apostólica e a fecundidade do nosso serviço: “fui eu que vos escolhi e vos designei, para dardes fruto e para que o vosso fruto permaneça” (Jo 15,16). Não é a criatividade pastoral, não são as reuniões ou planejamentos que garantem os frutos, mas a garantia deles está em ser fiel a Jesus, que nos diz com insistência: “Permanecei em mim, eu permanecerei em vós” (Jo 15,4). (Papa Francisco, Catedral Rio Janeiro, na JMJ).
Hoje cada um é chamado a renovar as suas promessas sacerdotais. Aquelas que foram realizadas no dia da ordenação. Quando algum sacerdote desiste do ministério (nos últimos tempos foram tantos) e vem me comunicar essa decisão fico a me perguntar: Com que sentimentos aquele padre fez a renovação de suas promessas sacerdotais na sua última Quinta Feira Santa? A fez com o desejo de permanecer? Ou como Judas que participava da ceia e já tinha no seu coração o desejo de trair Jesus?
Pensemos o contexto da última Ceia de Jesus com seus discípulos. Como no quadro da Santa Ceia imaginemos Jesus rodeado de seus apóstolos. E façamos a nós uma pergunta. Com qual deles nos identificamos? Ali estava aquele que era o discípulo amado, estava Pedro com as suas dificuldades que até o levou à negação. Estava Tomé com suas dúvidas e crises de fé, Matheus o pecador amado e chamado, estavam os filhos de Zebedeu que queriam o poder e alguns outros muito apagados que nem seus nomes são lembrados. Com quais nos identificamos? Estava também Judas. Aquele que recebera o pão molhado. O pão molhado representa a ternura de Jesus, o seu amor por Judas. A mãe para ajudar na alimentação do filhinho muitas vezes amassa a comida, molha um pedaço de bolacha e o coloca na boca do filho. O mesmo faz quem cuida de uma pessoa enferma que não consegue se alimentar sozinha. Esse gesto não é exclusão, mas é ternura, é amor. Foi o que fez Jesus que mesmo sabendo as intenções que existiam dentro de Judas, o amou. Com quais discípulos nos identificamos? Dificilmente nos identificamos com Judas, mas tem muito de Judas em nós. Muitas vezes traímos Cristo com nossas falhas pessoais, comunitárias, impondo o nosso projeto pessoal, fazendo fofocas, sendo maledicentes, não gerando unidade, ou tentando fugir do corpo eclesial. Tudo isso é traição dentro do corpo místico de Cristo. Existem muitas traições. Muitas vezes traímos a Cristo. Os outros apóstolos também tiveram suas traições. Porém Judas saiu da sala, saiu da presença de Jesus e da comunhão com o corpo apostólico. Foi embora fazer o que estava no seu coração. “O que tens a fazer, faça-o logo”(Jo 13,27 ) Então, Judas partiu. Os outros permaneceram com Cristo.
Muitos sacerdotes vão à falência no ministério porque saem do convívio sacerdotal, saem da comunhão com presbitério e com o bispo, buscam as coisas do mundo e não permanecem em Cristo.
Como vamos sair desta Eucaristia? Saíamos daqui decididos a permanecer com Cristo, na comunhão presbiteral e diocesana mesmo que exista um pouco de Judas em nós. Quem permanece cresce e vai se transformando. Os outros discípulos permaneceram, cresceram e o testemunho deles muito ajudou à Igreja.
O sacerdócio nasce a partir do grande e profundo santuário que é o Coração de Cristo. A graça sacerdotal se movimenta como as águas que serpeando descem das montanhas e por onde passam vão gerando vida. Quantas vidas são recuperadas, alimentadas pela ação dos sacerdotes. Desejo que a alegria sacerdotal seja espalhada por todos os recantos de nossa Diocese e alcance a todas as pessoas.
Estamos no Ano da Vida Consagrada.
Quero saudar com grande satisfação a todos os consagrados e consagradas que aqui em nossa Diocese testemunham a alegria de serem totalmente de Cristo. O Papa Francisco disse que “onde existe um consagrado, aí existe alegria”. A alegria de vocês vem de Cristo e nos faz bem. Agradeço o testemunho, a comunhão, o serviço e a presença de vocês em nossa Igreja Diocesana.
O consagrado é uma pessoa que se encantou por Deus, sentiu o seu chamado e com liberdade e alegria vai dando a resposta ao Divino Mestre. De onde vem a alegria do Consagrado? A Carta Circular aos Consagrados e Consagradas no nº 4 diz que vem do chamado pessoal: “Ao chamar-vos, Deus diz-vos: ‘Tu és importante para mim, eu amo-te, conto contigo’. Jesus diz isso a cada um de nós! Disso nasce a alegria! A alegria do momento no qual Jesus olhou para mim. Compreender e sentir isso é o segredo da nossa alegria. Sentir-se amado por Deus, sentir que para Ele nós não somos números, mas pessoas; e sentir que é Ele quem nos chama” ( Carta Circular aos Consagrados e às consagradas nº 4). O nosso Papa Francisco é um homem alegre. Vale dizer que ele é um consagrado, pois é um Jesuíta. Ele traz alegria em todos os seus gestos. Sua alegria alcança muitas pessoas.
Agradeço o testemunho amoroso e generoso dos cristãos leigos e leigas presentes em todas as nossas comunidades. Sempre que visito uma comunidade me surpreendo com o testemunho das pessoas. Entre nós desde as crianças até os adultos e idosos existem muitas pessoas que vivem com entusiasmo a sua fé. O amor a Cristo faz com que permaneçam perto dele. Bendito seja Deus por aquelas pessoas que prestam seus serviços nas comunidades. São muitos os servidores do Evangelho entre nós.
Estamos no Ano da Paz. Continuemos com esperança provocando um despertar na sociedade para que acolha a Jesus, Príncipe da Paz que já está entre nós.
Finalizo dizendo que neste ano estamos trabalhando para adaptar o nosso Plano de Pastoral, revendo o antigo, trazendo as novidades que surgiram e assim esperamos que na próxima Assembleia Diocesana a acontecer no início de dezembro tenhamos as novas orientações pastorais para o próximo quadriênio. Assim rendemos Glórias a Deus nosso Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Amém.
Pascom Diocesana