Revitalizar a cooperação multilateral entre os Estados, baseada no respeito à igualdade de direitos e à autodeterminação dos povos, no espírito da Carta das Nações Unidas. Essa é o caminho para enfrentar com sucesso os novos desafios complexos que o mundo terá após a pandemia de Covid-19. Esse pensamento foi reiterado pelo arcebispo Ivan Jurkovič, Observador Permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas em Genebra, que nesta segunda-feira (22) participou de uma reunião preparatória para a 15ª Sessão Ministerial da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad XV).
O encontro, inicialmente previsto para outubro de 2020, será realizado de 3 a 8 de outubro deste ano em Barbados, uma ilha da América Central, sobre o tema: “Da desigualdade e vulnerabilidade à prosperidade para todos”, com o objetivo de refinar a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável de 2030 à luz do dramático impacto da Covid-19 nas economias do mundo inteiro. O foco das discussões será em torno das estratégias e políticas necessárias para ajudar os países a resistir melhor a choques como a pandemia no futuro e se recuperar rapidamente de crises econômicas, financeiras, climáticas e sociais.
Novas formas de compromisso responsável
Objetivos compartilhados pela Santa Sé que, ao mesmo tempo, reitera a importância de fortalecer a cooperação entre os Estados em um momento em que o multilateralismo está sendo colocado à prova ainda mais. “Os diferentes aspectos desta crise imprevisível, as soluções e qualquer novo desenvolvimento que o futuro poderia trazer, estão cada vez mais interligados e interdependentes”, observou em discurso o arcebispo Jurkovič.
É por isso que “a família das Nações é chamada a repensar o percurso, a descobrir novas formas de compromisso responsável. Desta forma”, ressaltou ele, “a crise se torna uma oportunidade para discernir como dar forma a uma nova visão integral para o futuro”. De acordo com a Santa Sé, a primeira minuta do documento de trabalho da Conferência apresentada em dezembro do ano passado oferece uma “base sólida” nesse sentido. Entre os pontos salientes, destaque para os limites do atual “paradigma de desenvolvimento”, que surgiu em todas as suas evidências precisamente durante a crise da Covid-19, o que – observou o representante do Vaticano – serviu “para nos lembrar que este é realmente um mundo interdependente” e, portanto, a necessidade de “uma ação coletiva responsável e clarividente”.
Um desenvolvimento equitativo
Não apenas isso, mas a crise também evidenciou o quanto o ambiente, o desenvolvimento e a segurança estejam interligados: “resolver uma coisa sem pensar nos outros não é mais, portanto, uma perspectiva viável”. De acordo com o arcebispo, o documento final que a Unctad está preparando para discutir nos próximos meses oferece “uma oportunidade única para organizar uma resposta efetiva às consequências econômicas da Covid-19”, desde que – enfatizou na conclusão – o foco não seja apenas em medidas macroeconômicas, mas “também em uma série de políticas corretivas para construir um percurso de desenvolvimento equitativo, integral e favorável ao clima”.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil