No início do seu pontificado, Bento XVI decidiu realizar três gestos simbólicos de grande valor que provavelmente foram pouco destacados.
1. A tiara papal fora do escudo papal
O primeiro gesto foi que ele decidiu não representar a tiara, que não estava sendo usada desde a época de Paulo VI, no escudo papal. Em vez disso, está a mitra episcopal que cada bispo costuma usar para a celebração da Missa.
2. O Pálio Episcopal
O segundo gesto é que Bento XVI decidiu colocar pela primeira vez o pálio, o ornamento litúrgico que os arcebispos metropolitanos usam e que recorda a missão de ser pastor do rebanho que Deus lhes confiou.
O pálio é feito com lã de ovelhas abençoadas pelo Pontífice em 21 de janeiro, dia de Santa Inês.
O pálio é imposto pelo Papa aos arcebispos metropolitanos a cada ano na Solenidade de São Pedro e São Paulo.
3. Renunciou ao título de Patriarca do Ocidente
E a terceira novidade, que se constata ao olhar o Anuário Pontifício de 2006, tem um claro significado ecumênico.
O Papa tem inúmeros títulos: Bispo de Roma, Vigário de Jesus Cristo, Sucessor do Príncipe dos Apóstolos, Sumo Pontífice da Igreja Universal, Primaz da Itália, Arcebispo e Metropolita da Província Romana, Soberano do Estado da Cidade do Vaticano, Servo dos servos de Deus e também Patriarca do Ocidente.
Bento XVI decidiu rechaçar o título de Patriarca do Ocidente, deixando como herança um grande gesto ecumênico, que é explicado em uma declaração do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, dirigido naquela época pelo Cardeal alemão Walter Kasper.
“Atualmente, o significado do termo Ocidente exige um contexto cultural que não se refere apenas à Europa Ocidental, mas se estende dos Estados Unidos até Austrália e Nova Zelândia, diferenciando-se assim de outros contextos culturais”.
“Se quer dar ao termo Ocidente um significado aplicável à linguagem jurídica eclesiástica, pode ser entendido somente em referência à Igreja latina. Portanto, o título de Patriarca do Ocidente descreveria a relação especial do Bispo de Roma com esta última e poderia expressar a jurisdição especial do Bispo de Roma pela Igreja Latina. Consequentemente, o título de Patriarca do Ocidente, com o passar do tempo, tornou-se obsoleto e praticamente inutilizável”.
“A renúncia a tal título – continuou o Pontifício Conselho – deseja expressar um realismo histórico e teológico e, ao mesmo tempo, ser a renúncia de uma pretensão, renúncia que pode ser benéfica para o diálogo ecumênico”.
Por ACI Digital