O retiro do episcopado brasileiro teve início às 15h30 do sábado (14) e termina às 11h30 deste domingo (15), com uma missa no Santuário Nacional de Aparecida.
O tema
A Exortação Apostólica “Gaudete et Exsultate” é o conteúdo de fundo das reflexões que os bispos acompanham durante o Retiro.
Por ocasião do lançamento da Exortação, na segunda-feira passada, 9 de abril, o site oficial da Santa Sé divulgou um resumo do documento no qual se afirma que em uma das suas passagens principais, o papa Francisco trata as bem-aventuranças como 8 caminhos de santidade: “Além de todas as ‘teorias sobre o que é santidade’, existem as Bem-aventuranças. Francisco coloca-as no centro do terceiro capítulo, afirmando que com este discurso Jesus ‘explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo’. O papa as repassa uma a uma. Da pobreza de coração – que também significa austeridade da vida ao reagir ‘com humilde mansidão’ em um mundo onde se combate em todos os lugares. Da ‘coragem’ de deixar-se ‘traspassar’ pela dor dos outros e ter ‘compaixão’ por eles – enquanto ‘o mundano ignora, olha para o lado’ – à sede de justiça”.
O resumo ainda apresenta a seguinte reflexão: “a realidade mostra-nos como é fácil entrar nas súcias da corrupção, fazer parte desta política diária do ‘dou para que me deem’, onde tudo é negócio. E quantos sofrem por causa das injustiças, quantos ficam assistindo, impotentes, como outros se revezam para repartir o bolo da vida. Do ‘olhar e agir com misericórdia’, o que significa ajudar os outros ‘e até mesmo perdoar’, ‘manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor’ por Deus e o próximo, isto é santidade. E finalmente, do ‘semear a paz’ e ‘amizade social’ com ‘serenidade, criatividade, sensibilidade e destreza’ – conscientes da dificuldade de lançar pontes entre pessoas diferentes – ao aceitar também as perseguições, porque hoje a coerência às Bem-aventuranças ‘pode ser mal vista, suspeita, ridicularizada’ e, no entanto, não se pode esperar, para viver o Evangelho, que tudo à nossa volta seja favorável”.
O pregador
Nomeado bispo por São João Paulo II, em 1987, ele permaneceu na prelazia marajoara até a renúncia ao governo pastoral, em 2016. Dom Azcona está entre as pessoas ameaçadas de morte na região Norte. Esta realidade marca a sua espiritualidade. E é parte desta experiência de compromisso que ele compartilha no retiro ao episcopado brasileiro.
“Às vezes falamos de cristo como a nossa paixão, mas muitas vezes ocultamos e deixamos na sombra a sua identidade como crucificado”, disse. A identidade de Cristo, ao qual queremos seguir, disse dom Azcona, é marcada pelas chagas.
O bispo emérito informou que a temática do retiro dos bispos é a mesma do último documento do papa, lançado esta semana, a Exortação Apostólica “Gaudete et Exsultate”, na qual o pontífice quer “fazer ressoar mais uma vez o chamado à santidade”, indicando “os seus riscos, desafios e oportunidades”.
“Aprofundaremos os desafios de sermos santos no mundo de hoje, dirigido com precisão à nossa realidade de bispos do Brasil”, disse. Para o religioso, as raízes da santidade e, portanto, do bispo hoje sempre estão na sua condição primeira de cristão. O bispo emérito afirma que é necessário chegar à identidade de cristão para ser missionário.
Sobre a sua vocação ao sacerdócio ele diz: “Deus foi muito misericordioso comigo. Eu fiz a experiência da graça de Cristo. Estive entre aqueles que denuncia o papa Francisco como ‘pelagianos’ e ‘voluntaristas’, e Deus me colocou nos trilhos da sua Graça e de seu Evangelho”, disse. E foi o seu sim que marcou sua opção missionária, especialmente quando atendeu a um pedido de seu provincial para vir ao Brasil. Desde então, segundo ele próprio diz, vem rompendo muitas barreiras, entre elas a cultural.
Fonte: CNBB Nacional