A Santa Sé interveio nesta segunda-feira (17/10) na sede das Nações Unidas, em Nova York, em um debate sobre os direitos dos povos indígenas. O diplomata filipino Dom Bernardito Auza pronunciou seu discurso diante dos membros da Assembleia Geral lembrando inicialmente que existem hoje mais de 370 milhões de indígenas espalhados em cerca de 90 países todo o mundo.
A população indígena representa apenas 5% do total mundial, mas sua experiência, seus conhecimentos e a sua abordagem única em relação ao cuidado com a nossa casa comum são um ensinamento e um ponto de referência essencial para a humanidade. E é por essa razão que a luta para preservar o seu patrimônio, a língua, as tradições religiosas e os meios de subsistência não é apenas uma sua preocupação, mas do mundo inteiro.
Extirpados e empobrecidos
Dom Auza frisou que no paradigma social e econômico atual, em que a economia se baseia em grande parte no lucro e no ganho individual ao invés da responsabilidade pelo próximo, o meio ambiente e o bem comum, os povos indígenas ficaram mais e mais para trás. Suas terras tradicionais, com as quais estão física e espiritualmente em comunhão, lhes são tomadas sem consulta, a favor de empresas extrativas, obras públicas, e agricultora de grande escala.
Extraídos de suas casas e terras tradicionais, os indígenas apresentam índices mais altos de pobreza, desemprego, e insegurança social e alimentar do que as populações não-indígenas, e constituem cerca de 15% dos pobres do mundo.
Protagonismo no desenvolvimento
Nos esforços da comunidade internacional em cumprir a implementação da Agenda 2030 e o Acordo de Paris COP21 para mudar a narrativa global atual de exclusão, os povos indígenas devem estar no centro. Devem ser os jogadores e não espectadores, agentes ativos e beneficiários, não passivos do desenvolvimento.
Os povos indígenas justamente exigem não só o respeito pelos seus direitos no processo de implementação da Agenda e do Acordo, mas também a necessidade de adaptar e integrar o conhecimento indígena nas políticas e ações socioeconômicas e ambientais relevantes.
Neste sentido, a Santa Sé defende que a participação de representantes e instituições dos povos indígenas em reuniões dos órgãos competentes das Nações Unidas deve ser reforçada, especialmente nas questões que os afetam diretamente.
Poder não tire soberania dos povos indígenas
O diplomata vaticano encerrou o discurso lembrando as palavras do Papa Francisco: “Nenhum poder real ou criado tem o direito de privar os povos do pleno exercício da sua soberania. Sempre que se faz isso, vemos o surgimento de novas formas de colonialismo, que prejudica seriamente a possibilidade de paz e justiça”.
Por Rádio Vaticano