Amor em tempos de modernidade

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Esse artigo é direcionado a todas as pessoas de bem, mas, de modo especial, aos casais que ouvem constantemente o discurso de que precisam se abrir às “novas formas de amar”. O foco da discussão é a aparente incapacidade humana de num relacionamento amoroso se viver a monogamia. Parece, de acordo com alguns “estudiosos”, que a progressiva quantidade de traições observadas entre os casais de hoje comprova que somos feitos para uma espécie de amor poligâmico. Essa reflexão tende para uma fragmentação da pessoa, separando sentimento verdadeiro, de desejo. Com algum escolhido/a se vive de forma mais inteira, enquanto outros/os existem apenas para satisfazer o apetite sexual.

Discordamos enfaticamente dessa concepção. Uma relação em que se busca puramente o prazer sexual beira ao animalismo. Vincula-se muito mais ao comportamento das bestas, que ao humano racional. Precisamos considerar que o homem é uma unidade psicossomática, e que por isso não se pode separar nele a afeição, do sexo. A ocorrência desse fato reduz homem e mulher a meros objetos e fere a dignidade de ambos.
Portanto, qual é o nosso posicionamento? Acredito que o amor entre o homem e a mulher constitui o arquétipo do amor humano. Desde os tempos mais remotos esse amor foi chamado de eros, e por isso era experimentado como uma maneira de comunhão com o divino, o que levou muitas religiões primitivas à prática da prostituição “sagrada” dentro de seus templos. Procurando redimir a humanidade de suas más escolhas, através da encarnação do Verbo, Deus se revela a partir de um amor livre de toda a voluptuosidade, chamado ágape. Esse novo movimento sustém a experiência que é verdadeiramente descoberta do outro, doação gratuita ao outro, superando o egoísmo que prevalecia antes. O amor não pode ser a busca por si próprio, mas uma infatigável preocupação pelo bem do amado.

Discordamos enfaticamente dessa concepção. Uma relação em que se busca puramente o prazer sexual beira ao animalismo. Vincula-se muito mais ao comportamento das bestas, que ao humano racional.

Nesse sentido, cai em descredito os argumentos utilizados para defender a poligamia e o chamado “amor livre”. A liberdade no ato de amar está na capacidade de não nos prendermos aos ímpetos carnais, mas ir além da matéria e viver uma união de corpo e alma. O verdadeiro amor exige uma parceira responsável e um ambiente que exala segurança para que possa crescer, coisas impossíveis de serem encontradas fora da família verdadeiramente constituída.

Pe. Roberto César Braga
Vigário da Paróquia São José Operário – Diocese de Uruaçu