Dilema das redes sociais

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Ontem vivi a experiência de perda, perda do amor, da atenção, do cuidado, perdia uma pessoa real para uma tela que brilhava, “memes” inúteis e status que facilitavam a distração. Eu perdia para armas virtuais, perdia uma pessoa para um aparelho, não deixei de amar, só me senti trocado, por algo que não pode ser amado. Percebi que a luta é injusta! Parece difícil vencer, pois a mágica da internet ajuda tudo, facilita tudo, agrada a todos! E eu? Sou um antiquadro, chato no universo de facilidades e elogios.

Mas não vou desistir, porém não serei um idiota em concordar com a frase: “é difícil lutar contra isso, todos usam, o mundo não vive sem internet”. Não serei medíocre em concordar, avançar, calar ou elogiar você que lê este texto e passa adiante sem mudar nada em sua vida, porque a minha irá mudar! Tive experiência pessoal, sou formador de consciência e, o mais agravante e perturbador, é ver pessoas que amo se afastarem de si, do outro e afundarem no vazio e infelicidade provocada por estas redes sociais.

Vou falar, escrever e usar este meio para manifestar para quem quiser escutar, ler e mudar. Digo, mudar, é ação, não brincadeira ou distração! Açãããoo! Saia deste texto e revire suas prioridades, modifique suas atitudes e das pessoas que você ama, porque se não, você irá perdê-las!

Assisti a um documentário na plataforma Netflix chamado “O Dilema das redes”, logo depois da perca da batalha. Não vou elogiar o filme, mas vou instigar para que veja e medite sobre o pensamento proposto. Insisto, sair da caixa do comodismo, do botão de agrados, parar de passar o dedo em vídeos inúteis e fazer algo que mude por dentro e não depender de elogios e distrações de fora.

Crianças estão ficando isoladas, desrespeitosas e cansadas mais cedo. Estão estressadas por não verem um desenho na TV por um dia. Os pais não conseguem dar um “não” para educar, parece ser impossível encontrar uma pessoa e conversar, sem que ela mexa no celular durante 2 minutos. Famílias se reúnem para mostrar vídeos e não falar de experiências. É melhor dar o celular para criança brincar e “deixar-me em paz”. Baixar jogos para distrair e passar o tempo. Acordar, pegar o celular e ver as notificações, pior, ir ao banheiro escutando, vendo e curtindo fotos, vídeos e músicas. Não conseguir ficar sozinho, em silêncio e sem uma luz artificial. Digo, escrevo e manifesto isso tudo, porque experimentei estas manias.

Fotos sempre precisam de efeitos, filtros, dependem de curtidas e comentários, se não há, tenho ciúme de quem tem, fico irado por não me verem e sempre, sempre, desconto, jogo, vomito as incompreensões, palavras e raivas nas pessoas que amo e vivem comigo.

Como dizer a uma sociedade de crianças, jovens, casais, até idosos que estão ansiosos, deprimidos, frágeis devido a aparências de status, viciados em vídeos e, até, se veem sem pessoas, mas nunca sem aparelhos. É preciso dizer que precisam de tempo sem celular, necessitam de diálogos pessoais sem caixas de textos, clamam por levantar a cabeça e olhar para o céu, porque se não, o ímã brilhante só deixará olhando para o chão.

Por isso, insisto que assista o documentário “O Dilema das redes”, para fundamentar, facilitar, inculcar esta ideia: “não percam pessoas para aparelhos, não sejam inúteis, bobos(as), por causa de uma tela”. Assista em família, assista quando tiver oportunidade de refletir e mudar algo. Não assista para passar o tempo ou na correria do dia.

Não vou me estender, porque a intenção não é você ficar aqui lendo, mas que saia e mude alguma coisa em sua vida, mude atitudes! Contudo, mude permanentemente, não mude por causa de uma penitência, empolgação ou desejo de mudar o seu mundinho. Mude para ser, pensar e fazer diferente! Para que ser diferente? Para entender e viver o sentido da vida como algo único, com pessoas únicas, na realidade, não na virtualidade. Telas escurecem, quebram, trocam; pessoas vivem uma vez, o amor é vivido, não é curtido, a vida é bela e não se encontra numa tela.

Pe. Rener Olegário