O Batismo do Senhor e o nosso Batismo

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Mistério de fé este Batismo que Jesus vem solicitar unido com os pecantes, como alguém na fileira que aguarda sua vez perante um afluído confessionário. Maior Mistério, é também, aquele que a Liturgia e o Evangelho se omitem de expor: aqueles trinta anos de paz, que é fruto da justiça, nos quais Jesus se curvou até o encovado na situação humana, tornando-se em tudo idêntico as pessoas afora no pecado. “Porque não temos nele um pontífice incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15). Além disso, este é: Evangelho da calmaria, da vida escondida, das pessoas pobres, que do mundo abrigaram-se um pouco de ar para respirar e um pouco de mantimento para resistir, saldando tudo com o azado suor. Também, imitou-nos, no abrolhar de modo simples, no conviver, como a Santa Mãe Igreja nos lecionou no Natal, imitou-nos na morte, como nos prontificamos a relembrá-Lo no tempo da Quaresma e na Páscoa. Aquela lacuna de trinta anos no Evangelho deve nos educar exatamente: em Nazaré, por trinta anos, Jesus viveu o formidável habitual da vida.

A Liturgia de agora, estão atualizados os fatos basilares do Batismo cristão: a remissão dos pecados, a entrega do Espírito, a filiação divina e o chamado profético a ser instrumento de salvação para os outros. Renascimento da água e do Espírito: “Em verdade, em verdade te digo, quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5). Enxertados, inumados e Ressuscitados com Cristo: “Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com Ele na sua morte pelo Batismo, para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova” (Rm 6,3-4). Linguagens dessemelhantes e falam a mesma realidade.

Destarte, Jesus, é aprovado a um serviço para todos os homens: um serviço de salvação, de libertação, de justiça. A complacência manifestada pelo Pai sobre Ele no Batismo é determinada exatamente pela presteza e pela submissão de Jesus em acolher este serviço.
E nós batizados? somos discípulos missionários de Jesus a começar na família, testemunhando-O com fé e ardor. “Todo batizado, chamado à maturidade da fé, tem direito a uma catequese adequada. Por isso, é missão da Igreja corresponder de modo satisfatório. O Evangelho não se destina à pessoa abstrata, mas a cada pessoa, real, concreta, histórica, inserida em um contexto particular e marcada por dinâmicas psicológicas, sociais, culturais e religiosas”(Diretório para a Catequese, nº 224), porque “todos e cada um foi compreendidos no Mistério da Redenção” (Redemptor Missio, nº 13).

“A família é uma comunidade de amor e vida, constituída de um complexo de relações interpessoais, vida conjugal, paternidade, maternidade, filiação, fraternidade, mediante as quais cada pessoa humana é introduzida na família humana e na família de Deus, que é a Igreja” (Familiares Consortio, nº 15). “A família é um anúncio de fé enquanto lugar no qual a fé pode ser vivida de maneira simples e espontânea. A família tem uma prerrogativa única: transmitir o Evangelho, radicando-o no contexto de profundos valores humanos.

Sobre essa base humana, é mais profunda a iniciação na vida cristã: o despertar para o senso de Deus, os primeiros passos na oração, a educação da consciência moral e a formação do senso cristão do amor humano, concebido como reflexo do amor de Deus, Criador e Pai” (Diretório para a Catequese, nº 227).

“Os pais que creem, com seu exemplo diário de vida, têm a capacidade mais envolvente de transmitir aos próprios filhos a beleza da fé cristã” (Diretório para a Catequese, nº 124).
Os padrinhos, sua missão é “mostrar ao catecúmeno, de modo familiar, a prática do Evangelho na vida particular e na convivência social, ajudá-lo nas suas dúvidas e inquietações, dar testemunho acerca dele e velar pelo crescimento da sua batismal” (Ritual da Iniciação Cristã de Adultos, nº 43).

Coesos com os pais, os avós, notadamente em algumas civilizações, cumprem um papel especial na difusão da fé para os jovens. As Escrituras mencionam à fé dos avós como depoimento para os netos: “Conservo a lembrança daquela tua fé tão sincera, que foi primeiro de tua avó Lóide e de tua mãe Eunice e que, não tenho a menor dúvida, habita em ti também” (2Tm 1,5). Os avós são riquezas sob o aspecto social, religioso e espiritual. Diante das tensões familiares, que muitas vezes tem um maior enraizamento na fé cristã e um passado rico de noções, tornam-se citação formidáveis. Repetidamente, de fato, muitas pessoas carecem aos avós sua favorável introdução à vida batizada.

Deveres dos filhos: “A paternidade divina é a fonte da paternidade humana; é o fundamento da honra devida aos pais. O respeito dos filhos, menores ou adultos, pelo pai e pela mãe alimenta-se da afeição natural nascida do vínculo que os une e é exigido pelo preceito divino” (CIgC, nº 2214).

“O respeito pelos pais (piedade filial) é produto do reconhecimento para com aqueles que, pelo dom da vida, por seu amor e por seu trabalho puseram seus filhos no mundo e permitiram que crescessem em estatura, em sabedoria e graça” (CIgC, nº 2215). “Honra teu pai de todo o coração e não esqueças as dores de tua mãe. Lembra-te que foste gerado por eles. O que lhes darás pelo que te deram?” (Eclo 7,27-28).

“O respeito filial se revela pela docilidade e pela obediência verdadeiras” (CIgC, nº 2216). “Meu filho, guarda os preceitos de teu pai, não rejeites a instrução de tua mãe… Quando caminhares, te guiarão; quando descansares, te guardarão; quando despertares, te falarão” (Pr 6,20-22). “Um filho sábio ama a correção do pai, e o zombador não escuta a reprimenda”(Pr 13,1).

E, se sentirmos a coragem, ou ao menos, ardente desejo, de dividir a missão de Jesus para com os irmãos, o Pai nos noticiará o Espírito de seu Filho e, unido em um só corpo e um só espírito com Jesus Cristo, poderá proferir também sobre nós esta dulcíssima palavra: “Tu és meu Filho muito amado; em ti ponho minha afeição”(Mc 1,11).

Itapaci-GO, 10/janeiro/2021

Pe. Antônio Teixeira Sobrinho