A formação sacerdotal em tempos de pandemia

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A vocação sacerdotal é, sem dúvida, o maior dom que um homem pode receber neste mundo. O chamado a tal vocação é sempre acompanhado de experiências profundas, que para sempre mudarão o modo de enxergar o sentido da existência humana, tanto daquele que é chamado quanto dos que o cercam. A razão maior e comum a todos os vocacionados ao Sacerdócio é doação da própria vida, a Deus e aos irmãos, na Igreja, pela configuração total a Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote.

O início da caminhada vocacional é marcado por muitas motivações, grandes esperanças e alguns ideais, que precisam ser purificados até alcançarem a maturidade que se espera de um candidato ao exercício de tão grande missão. Muitas são as vezes em que os acontecimentos “fogem do protocolo” imaginado e até desejado por um seminarista. Diante dessa situação, existem duas posturas possíveis: fechar-se em suas próprias convicções humanas ou abrir-se à ação do Espírito Santo, para ser modelado segundo os desígnios de Deus e de Sua Igreja.

Dentre os aspectos fundamentais do itinerário formativo, deve-se enfatizar a necessidade de uma boa vivência comunitária e de uma sólida vida espiritual. Sem oração e convivência fraterna é impossível que um homem assuma a continuação da missão de Jesus: fazer com “que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.” (1 Tm 2, 4). Esta formação se inicia no Seminário e continua ao longo de toda a vida do sacerdote.

Um bom exemplo é o isolamento social que agora vivemos. Toda a rotina de estudos, de oração e de convivência comunitária teve que ser adaptada à realidade que se nos apresenta. Excepcionalmente, nossa Diocese nos enviou para as casas paroquiais, onde pudemos continuar a formação de um modo diferente. A convivência com os sacerdotes, a participação diária na Santa Missa, a Oração das Horas são as fontes de onde haurimos a força para viver este tempo.

Os seminaristas devem estar conscientes de que serão, segundo a Vontade de Deus, membros de um mesmo Presbitério, e que desde já devem cultivar a unidade, a mútua intercessão e a amizade sincera. A devoção a Nossa Senhora, através do Santo Terço que rezamos juntos todas as semanas pelos meios de comunicação, tem nos ajudado muito a manter estas relações tão essenciais. Afinal, nunca se ouviu dizer que um consagrado tenha se santificado sem que cultivasse uma autêntica devoção pela Mãe de Deus.
É possível atestar agora o caráter transcendental das dimensões comunitária e espiritual. Mesmo que não possamos nos reunir fisicamente, continuamos unidos por um mesmo objetivo: sermos sacerdotes segundo o Coração de Jesus. Certamente, quando retornarmos ao Seminário, teremos muitas experiências para compartilhar. As boas lembranças sempre nos devem animar neste caminho de discernimento; as más, serão fonte de aprendizado e correção, para que, em tudo Deus seja glorificado em nós. (Cf. 2Ts 1, 12).

Thalys Oliveira Melo – Seminarista